sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O VESPEIRO



Um vespeiro fala por si só.

Um vespeiro não precisa de uma placa dizendo "MANTENHA DISTÂNCIA - PERIGO".
Vespeiros existem, não podemos ignorá-los, mas só os tolos pensam que fuçando nele sairão ilesos.
Só os prepotentes acham que darão cabo dele porque conhecem onde se metem.
Sábios fecham as portas e janelas e se protegem do ataque dolorido das vespas enfurecidas mas levam fama de omissos.
Prefiro ser fumaça que dispersa as vespas sem levar ferroada.
Mas serei fumaça bem esperta, aquela que sai pela chaminé, de dentro da casinha, protegida

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Pessoal, andei ausente, sem tempo para colocar aqui algo de interessante. Agora estou de volta por uma boa causa... O lançamento do meu mais recente livro, assim que souber detalhes postarei aqui um convite para que vocês possam me dar a honra de sua presença. Por enquanto segue resenha da editora:

Poemas da Cabeça da Mamãe
Neste livro o pequeno leitor entrará em contato com a arte da poesia de forma simples e divertida!
A cada página ele irá experimentar momentos de puro prazer em uma leitura leve e de fácil entendimento, a autora aborda temas transversais e ambientes cotidianos para que a criança se identifique e vivencie com prazer a experiência da leitura.
As ilustrações são educativas e no final do livro a criança tem um espaço para produzir seu poema e se aventurar mais na deliciosa arte de escrever.
Estimule a imaginação e a cognição dos pequenos!
Um presente para as crianças, indispensável para pais e educadores.

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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Nossas Malas

Olha-me no seu espelho.
Olhe-se no meu espelho.
Vejamo-nos com outros olhos num dia difícil.
Admiremo-nos com novos olhos no dia a dia
Chega de imagens prontas de nós mesmos
Enjoativas figuras pré-moldadas
De respostas prontas.

Inove.
Nem que seja da boca pra fora
Acostume-se em novos sapatos
Figurino emprestado
Carcaça alheia
Feridas diferentes


Cale-se
Retroceda diante do inevitável
De um bom tempo
Ao tempo que não pára
E quando libertar-se
Verá quem era refém de quem.


Inspire.
Expire
Inspire-se
Aceite o que é seu por dom,
Escolha, direito, defeito ou sina.
Exalte-se em sua existência


Ame e Perdoe
Ceda e Exija
Também Peça
Faça uso de sua fraca franqueza
Com forte intenção, ainda que incompreendida.


Olhe-se em seu próprio espelho
Enxergue-se dentro de seu íntimo reflexo
Verá que não há solidão do ser
Que dentro de você já estão todos
Faces e facetas,
Amigas ainda que imperfeitas.
São companheiras de sua jornada
Mas só se você assim os permitir
Afinal, a bagagem desta viagem é sua
Mas se puder, aceite um carrinho de mão.

Promessas pra Amanhã

Amanhã é dia das Crianças
Dormirei de pantufas
Para, quem sabe,
Despertar em pés infantis


Esquecerei de escovar os dentes
E sairei descabelada
Atrás de um mimo esperado
Tomara seja um brinquedo e não um pijama novo.

Comerei a sobremesa
Muito antes da comida
E limparei o prato
Só pra poder ver o fundo decorado de balões

Levar-me-ei ao circo
Onde criança que sou
Fugirei dos medos
Nada de feras, ou trapézios
Farei graça para o palhaço
E andarei na corda bamba
Só pra me lembrar dos adultos

Amanhã não farei lição de casa
Nem pagarei contas,
Não tirarei a maquiagem
Nem passarei meus cremes
Perfeita liberdade infantil


Vou tomar gelado
Me lambuzar de sorvete
Não contarei calorias
E medirei minha satisfação
Com duas mãos sobre a barriga cheia


Amanhã é outro dia
E depois dele, outro
Guardarei minha criança
Na risada bem dada
E no saber relaxar


Terei sonhos gigantescos
E ego exacerbado
E quando tiver pesadelos
Buscarei colo
E pegarei no sono profundo e restaurador,
Sono de criança.
E nos pés,
Permanecerão as pantufas.

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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Caminhos Subcutâneos

Sinalizada em vermelho a marca aparece
Sabido era que viria uma hora ou outra,
Marcar sua estada definitiva
Tatuagem natural
Registra uma fase, ora pelo crescimento rápido,
Chamado estirão juvenil
Ora pelo esforço da cútis em esticar-se.
Maior órgão do corpo humano abrigava um, agora veste dois,
Moldando-se a novas condições.
Estressa-se em seu limite, buscando a total cobertura,
Deixando permanentes rastros de seu esforço sobre humano.
Pele
Recobre o ventre dilatado e cria suas marcas
Vermelhas de início destacam-se diante da beleza da vida que está por chegar.
Arroxeadas se tornam diante da vergonha
Imperfeição estética.
Erosão.
Rachaduras, trincas que se dão pelo abalo sísmico.
Mudanças definitivas como a própria existência
Estrias da vida.
Que venham as marcas, imprimam assim como em um grafite.
A mensagem desta nova fase.
Definitiva.
Marquem nossa pele como tatuadoras talentosas em suas
Figuras tribais
Tribo mulheres,
Tribo mães.
Indecifráveis códigos aos olhos alheios
Serão criptografadas as mensagens
De bem vinda ao mundo real
Onde estrias são marcas de sua história,
Linhas da sua vida.



quinta-feira, 14 de julho de 2011

Pingo

Há gente pra tudo na vida.
Gente que cuida de gente,
Gente que põe bebê no lixo.
Gente que sai da casa pra levar comida a quem é desabrigado
Gente que leva álcool e fósforo.
Gente que judia de animais,
Gente que os ama a toda prova...

Na semana passada perdemos um ente
Nossa família não está mais tão completa
Afinal, há vinte anos, isso mesmo, vinte anos
Desfrutávamos da companhia de nosso gato Pingo.

Pingo completou vinte anos em Maio, e apesar de velhinho
Ainda era nosso bebê.
Aquele que não podia ver alguém aconchegar-se no sofá e já vinha em busca de colo.
Dono de belos olhos verdes, corpo todo branco, narizinho rosa, foi adotado por nós após sua mãezinha, Kika, ter dado a luz a cinco lindos gatinhos.
Parêntese importante, Kika ainda está Viva, em seus vinte e um anos, divide hoje sua morada e sua velhice entre duas casas. Chamo de guarda compartilhada, a da minha mãe e sua vizinha de muro que a acolhe, onde também tem caminha, comida e carinho.
Kika teve seus bebezinhos sendo o Pingo o último a nascer.
Parecia desde o início diferente dos outros, menorzinho, deixado pra trás nas mamadas,
Quando era empurrado pelos irmãos, rolando para o lado, ficava com a língua enroladinha na forma da teta da mãe, olhos fechados, parecia demorar a perceber que não estava mamando.
Necessitou, portanto, de atenção especial por parte de nós, seus cuidadores, que o colocávamos pra mamar em separado. Resumindo, Pingo ficou o maior de todos, e foi mimado.
Ninhada doada, um a um, os irmãos foram saindo, cada qual com sua nova família, e o Pingo ficou.
Ficou conosco por suas sete vidas.
Esgotou cada uma delas em sua vida de descobertas, quedas, atropelamento, envenenamento, brigas, e sobreviveu.
Dono de um andar leonino, sabedor de sua importância hierárquica na família, usufruiu de privilégios sobre os outros animais da casa. E na verdade, nenhum deles parecia se importar. Era respeitado por todos os sete cães com quem conviveu durante sua vida.
Foi-se nosso bebê velhinho.
Lindo, Pingo. Foi sereno.
Deixou a casa triste e o sofá mais frio.
Descansa hoje no céu dos bichos.


sábado, 2 de julho de 2011

E agora? Férias!!!

Julho, mês de férias.



Merecidas férias dos estudantes, nem sempre podem ser compartilhadas pelos adultos. Iniciam-se as férias das professoras e começam então os dias de trabalho extra para pais, avós, ajudantes do lar, todos com a responsabilidade de entreter a molecada em período integral.


Se não há como viajar, agora é a melhor hora de resgatar atividades familiares. Passeios, caminhadas, uma ida até o parque mais próximo nos permite tempo único, de mãos dadas, riso solto e cansaço físico.


Promova uma sessão se cinema nostalgia, mostrando aos filhos o que havia de mais empolgante nos filmes de sua época. Aposto que o programa vai gerar polêmica, e se eles disserem que Caça-Fantasmas era ridículo, faça-os chorar com ET!


Brincadeiras culinárias também combinam com férias, afinal, um bolo no meio da tarde agrada a todos e com a participação dos pequenos fica tudo mais animado. Aprender a quebrar ovos, mexer com farinha, lamber colheres com restinho de recheio, decorar e se lambuzar, é tão marcante quanto ganhar um presente.


Viagens curtas, rever familiares distantes, respirar um ar diferente, comer comida com outro tempero, nos faz mais abertos a respeitar as diferenças.


Jogos são uma ótima pedida. Os jogos de tabuleiro promovem a competitividade, aliada a diversão, permitindo ainda o olho no olho, as sensações táteis de manusear cartas, dados, pinos, a habilidade de desvendar regras, e a pausa para os petiscos.


Jogos de vídeo-game são também aliados na missão de divertir e não podemos nos iludir, também estimulam a coordenação, a interpretação de regras e a competitividade. Tão criticado pelo uso excessivo, o jogo virtual não traz malefícios desde que exista a moderação na carga horária dedicada a ele e o acompanhamento dos pais para a seleção de jogos inteligentes que estimulem a criação, a resolução de mistérios, à paciência da repetição até que se consiga passar de fase.


Férias é tempo de álbum de figurinhas, gibis, almanaques de atividades.


Tempo de renovar a caixa de lápis de cor, o guache, comprar um pacote de folhas e promover uma galeria de obras expostas na parede, enaltecendo o talento de seus pequenos artistas.


E tão desejadas quanto perfeitas, as viagens de férias são como uma vitamina, reparadora, estimulante e necessária.


Viagens pedem planejamento, o que envolve a todos em preparativos já curadores, que vão de reciclar as roupas, renovando guarda roupas, a limpeza de armários, malas, e organização de espaços, afinal, a gente leva conosco o que há de melhor, mais novo, mais bonito e confortável.


Férias pedem controle financeiro, a curto e longo prazo. Economia das pequenas e grandes despesas, e se os filhos oferecerem, aceite a colaboração de seus cofrinhos ao fundo de reserva. Terá seu valor.


Além disso, as férias familiares são exercício de democracia, onde escolhas de destinos, decisão sobre passeios, promovem a discussão do que é interesse de um e benefício de todos.


Como se vê, férias existem mesmo para nosso crescimento, uma pausa, uma oportunidade de revermos nosso cotidiano, abrindo-o a novas possibilidades, novas atividades, ajustando dentro dos compromissos uma ou outra mudança que fará de nossas horas livres, ou de nossos próximos finais de semana, pequenas férias emocionais, recheadas de contato, da experimentação e da convivência em família.


Que venha essa e as próximas férias, e que entre elas, possamos encontrar muitas mini-férias em nossas vidas para um fôlego novo de sobrevivência.

domingo, 12 de junho de 2011

Filhas, Mães, e as Mães das Mães.

Era uma vez uma neta, que tinha saudade da avó.

Uma avó como tantas, mas igual a nenhuma.

Que fazia bolinho de chuva em plena tarde ensolarada.

Que contava histórias e sabia desenhar.

Avó pra toda hora. Pra nadar em água fria, pra tomar banho de chuva, pra ensinar jogar buraco e brincar de tomar chá.

Avó que era mãe da mãe. Mãe que era a melhor.

Mãe que sabia dar colo, que ensinava o certo, que estava sempre por perto e era tudo de bom. Mãe que ensinava a rezar, que sabia escutar, que buscava atender a quem viesse precisar.

A neta virou mãe, e veio na mãe buscar a ajuda no dia-a-dia, para os filhos educar.

A mãe de antes é avó, que também sabe agradar, que presta atenção nos gostos daqueles que vem pro seu lar.
Sabe o prato predileto, dos filhos, do genro ou dos netos e não se esquece das coisas, das boas e das ruins.
Era uma vez uma neta, filha da filha da avó, que uma noite falava pra mãe:
- Minha avó é a melhor avó do mundo inteiro.
E a filha, que assim sentia em relação a sua mãe, perguntou:
- E você já falou isso pra ela?

- Eu não. Mas ela sabe.

E a neta, Sábia, apesar de tão pequena, fez a mãe pensar que sempre é bom lembrar, mesmo que o outro já saiba, nunca enjoa de escutar...



“ Obrigada minha mãe, você é a melhor mãe do mundo.”
Se a partir de hoje não desse mais para se pedir desculpas.
Se tudo fosse tão definitivo quanto o bloco de pedra esculpido pelo artista
E se nenhum removedor atenuasse a intensidade da tinta
E se a única chave da porta se perdesse
No fundo a vida já é assim
Palavras ditas não podem ser retiradas
Se mal ditas, malditas sejam
Mas ainda podem ser perdoadas
Esquecidas, suavizadas
Tomara...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Dé - pra você!

Bem vinda a sua casa amiga
Bem vinda ao seu lar
Limpe os pés no capacho da porta
E deixe pra fora o que houver de ruim

Aconchegue-se aos seus
E abrace seus bens
Presentes de Deus
Bens maiores, seus tesouros
Seus amores.

Festeje e vibre
Feche a porta
Recolha-se em sua alegria intima
Festeje e Vibre
Escancare a porta
Receba os que torceram por este dia.

Acenda as luzes e estréie o show
Apague as luzes e curta o silêncio
Suje e limpe, mude as coisas de lugar
Espalhe as fotos, tome posse,
Esparrame-se no sofá.

Seja bem vinda
A casa é sua, agora realidade
Feliz retomada
Nova morada
Felicidades família amada.


ps: reconhece a cor?

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Procura-se o cachorro do meu irmão

Procuro o cachorro do meu irmão
Sempre foi dócil, do tipo amigo, até que já na fase adulta, conhecendo a primeira cadela no cio de sua vida, caiu no mundo correndo atrás da biscate abanando seu rabinho aos caprichos da mesma.


Assim como cachorro em porta de padaria, babando pelo frango assado de domingo, se deixou levar pelo aroma da armação, ludibriado pela certeza de que um amor e uma cabana o acolheriam por toda a vida, esquecendo-se da família, dos valores, de todo o resto.

Totalmente domesticado, levou a prole pra longe, em terra de outros bichos, criados pela besta fera, fomos privados do contato com os filhotes, hoje já quase adultos.


Caso encontrem a cadela, que já era meio rabujenta, podem dar um bom chute no rabo, por minha conta.


Caso o encontrem, informem que a família ainda busca por ele, apesar de saber que cachorro estranho não é de confiança, estamos vacinados, e sempre teremos as portas abertas para seu retorno.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Se

Se não é o que penso que és
Deixe me ver sua verdadeira alma
Olha-me por um instante e me dê sua íris
Dentro dela verei tua verdade

Se não sabes o que me dizer
Deixe-me roubar tuas palavras
Cala-te por um instante e me dê seus lábios
Em um beijo terei tua mensagem

Se não me vês como sou
Lava teus olhos com mel
Adoce a vista antes de me fitar
E enxergue o melhor de mim

Se nada disso fizer sentido
Saia então de minha vida
Siga tua caminhada
E nem ouse olhar para trás

Pois o que busco pra mim
São olhos capazes de ver
Sedentos por me conhecer
Cegos para meus defeitos

Boca que só cale se eu assim pedir
Coadjuvante de minha jornada
Parceira do meu ser
Que saiba mais que falar,
Me beijar e fazer sorrir.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Bicho Esquisito


“Mulher é bicho esquisito, todo mês sangra” já dizia Rita Lee em seu sucesso “ Cor de Rosa Choque”.


Nós mulheres, somos uma espécie carregada de nuances. Ontem irritadas, hoje felizes, amanhã a melancolia poderá assolar nossas vidas nos fazendo sentir ínfimas, pequenas e insignificantes até que a próxima visita ao salão de cabeleireiros nos reforce a certeza de que somos poderosamente lindas.


Atribuímos a TPM parte de nossa mudança de humor. A Tensão Pré Menstrual tornou-se tão debatida e difundida que chega até a ser álibi atenuante de culpabilidade em crimes.


Diriam os antigos que o sangue nos sobe a cabeça antes de se esvair de nossos corpos, nos tirando a razão. Digo que o sangue é o choro de tantas mulheres que sonham com a esperada gravidez.
Sangue chato que teima aparecer em fins de semana de sol e passeio, manchando nossas roupas e nossa alegria.
De todo não é ruim, já que tantas o aguardam como um alívio na alma por saber que desta vez escaparam de sua irresponsável aventura em não se precaver.
O sangue de cada mês nos prepara para os sangramentos da vida.
Sangramos por nossos filhos, em seu nascimento e a cada momento difícil de suas vidas, em que tentamos puxar para nós suas dores.
O vermelho cor de sangue, destacado em nossos lábios e unhas, nos torna vampiras de atenção, destacando-nos em meio aos demais seres.
“Um sexto sentido maior que a razão” ainda diz a música, dotadas da capacidade de arrepiar, pisar no freio e mudar o curso, sentimos o que nem sabemos definir, a intuição em nós mulheres é nosso guia, ainda que nos torture.
“Gata borralheira,você é princesa, dondoca é uma espécie em extinção”.
Seja guerreira, mas vá a manicure, use a cabeça mas não deixe de retocar os cabelos, enfrente a reunião com seu melhor perfume, demita e peça demissão com os lábios hidratados e as palavras adoçadas por uma pastilhinha de duas calorias.


Use salto nas horas de briga, eleve-se, mas não aposente o chinelo amigo ao retornar ao lar. Use tênis pra correr dos problemas e uma simples sapatilha em dias de auto estima já elevada.
E sinalize os maus dias, pra que todos a deixem em paz:
“Não provoque! É Cor de Rosa Choque!”





segunda-feira, 18 de abril de 2011

Beijo, tchau!


No início do ano, na primeira reunião de pais do colégio dos meus filhos, a professora explicava a todos, as regras e normas do regimento escolar, que entre outras coisas proibia o uso do celular pelos alunos. Iniciou-se então um questionamento sobre a necessidade real de nossas crianças e adolescentes carregarem hoje um aparelho que não existia há quinze anos. A popularidade do celular estabelece atualmente uma nova tendência de comportamento social que estamos assumindo sem senso crítico. Nós pais, atendemos ao clamor de nossos pimpolhos, cedendo e adquirindo aparelhos que servirão para uma espécie de monitoramento a distância, não nos damos conta dos prejuízos que esta aquisição poderá proporcionar aos mesmos.


Certo é que o telefone é para a grande maioria uma espécie de artefato de segurança, podemos rapidamente falar com quem precisamos, sem necessitar do uso de um telefone público, que distante, nem sempre está apto ao uso, danificados propositalmente por vândalos sem educação social, mas isso é conversa pra outro dia. A partir desta facilidade abrimos um leque de efeitos colaterais desta tecnologia. O principal deles é a alimentação da ansiedade que consome nossas vidas, especialmente a dos jovens, que por si já são imediatos em suas urgências. Através do aparelho eles buscam agendar seus compromissos, contar fatos, obter respostas, não agüentam aguardar o tempo de digerir seus próprios sentimentos e através de torpedos querem a opinião de outros, como que um alívio ao que sua cabeça não suporta sozinho.


Não vou nem entrar em assuntos mais pesados como a prática de “sexting”, modalidade cada vez mais comum entre os jovens que trocam mensagens e fotos de cunho sensual ou erótico, colocando em risco sua imagem e trazendo prejuízos psicológicos incalculáveis ainda em longo prazo.

Um dos questionamentos que a professora colocou aos pais é o quanto fazemos uso deste equipamento para nos esquivar de nossas responsabilidades. O celular nos permite o atraso justificado, abonado, e desde que existem, podemos deixar os filhos aguardando na escola porque estamos no trânsito. Engarrafamentos sempre existiram e filhos sempre souberam aguardar pelos pais, sem que isso fosse o fim dos tempos. E os pais sempre tiveram compromissos e sabiam priorizá-los, sem usar de recursos de desculpas via SMS.


O jantar era o momento de contar as ocorrências do dia e ninguém precisava digitar, enviar, responder, ao final de cada frase. Chamava-se conversa, este hábito cada vez mais em desuso. Não se falava tantos “te amo” como hoje em dia, mas um bom colo dizia tudo, a pontualidade, a presença, falavam por si.

O diálogo a seguir deveria ser cheio de abreviações e terminologias que desconheço, nesta nova linguagem teclada e apressada, permitam-me o uso coloquial:

Vibra o celular, mensagem:

- mãe, acabou a aula, você vem me buscar?

- claro, to chegando.

- sim, só avisando, ainda nem desci, to guardando o material. Tem almoço em casa ou vamos passar no Mac?

- Não sei, depois a gent vêe (mãe teclando descuidada ao volante!)

- tá só pra saber se pode depois me levar pra comprar um tênis novo e tb pra lembrar que amanhã você tem que dar dinheiro para pagar o passeio da escola.

- ok, ok

- então tá! Quando chegar chama, to esperando na cantina.

- ok NÃO vai commeerr nadaa (mãe aflita teclando enquanto dirige! Olha a multa!)

- relaxa! Te amo. Beijo. Fui!

- também te amo!

Mãe chega, avisa. Filha entra no carro:

- oi

- oi

Silencio no veículo. Filha com os fones de ouvido ouve música do aparelho enquanto tecla com as amigas que acabou de deixar na escola. Antecipada, a conversa banal deixou de abrir portas nesta comunicação e isso está cada vez mais habitual.


O celular não é vilão, mas também não é amigo, tampouco terapeuta. Cabe a nós a observação do seu uso pelo benefício das relações.

Mais uma para as nossas cabeças de pais, sempre pensantes.

Se liga, me liga, beijo, fui! .


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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Mãe de primeira viagem!


Quem já é mãe sabe que nem tudo são flores quando se trata do período pós-parto.

Se antes todos os cuidados estavam voltados para você, agora, com o nascimento do bebê toda a atenção está focada neste pequeno ser que arrebata os corações de toda a família.

O corpo ainda não corresponde a sua expectativa, afinal, o bebê saiu, mas parte da barriguinha ainda está lá.

Vem a fase da amamentação, medos, dúvidas e aflições de quem achava que a cena seria de gravura, de comercial do dia das mães. Neles ninguém menciona dores e rachaduras nos mamilos.

Não há regras, cada caso é um, mas é unânime que mesmo dando tudo certo, o período é de dedicação integral.


Palpites, essa é a fase em que os palpites só deveriam ser dados quando solicitados, mas em geral existem três a quatro formas ideais de fazer diferente do que você está fazendo. Coisas que vão desde a posição para mamar, arrotar, dormir, horários, refeições, tudo o que rodeia a sua nova rotina está sendo avaliado por olhos de terceiros. Acredite, eles não fazem por mal. Mas fazem mal.

E as vacinas? Temidas vacinas, que protegem, mas que serão, por vários meses, fator de temor pela possível reação, medo de efeitos colaterais, pesar pela dor que será causada, lágrimas de mãe e bebezinho. Mas passa, tudo passa.

Ainda aparecerão as brotoejas, haverá o dia da assadura, umbigo para tratar, dente para nascer, febre, espirro e tosse, pequenas alergias.


Ufa mamãe! Quando você menos esperar, aquele bebê, feijãozinho no ultra-som, soprará a primeira velinha ainda no seu colo, e em muito em breve, entrará em casa, despejando a mochila e abrindo a geladeira, faminto de tudo, de saber, de poder, de conquistar, de viver. E você mamãe de primeira viagem, nunca mais guardará sua malinha, sempre pronta a carregar as dores, dúvidas, culpas, porém, reserve o maior espaço dela pra carregar a imensa alegria de ver seu filho crescer e evoluir a cada dia, e, sobretudo, guarde a sua satisfação de saber que você deu e dará conta do que vier pela frente.


. Pathuca esta é pra você, dedico também a todas que estão carregando a mesma mala. Relaxem, vai dar tudo certo!

Previsão do Tempo -Nublado!

Tem gente que é como nuvem, quando sai da frente deixa o dia lindo! Outros que chegam pra nos tirar do sol escaldante, aliviando-nos o calor. Uns são carregados e chovem sobre nossas cabeças, outros nos entretem com suas mais variadas formas. A graça é que o céu muda a todo instante, permitindo que as nuvens se ajustem, se agrupem, mudem ou desapareçam, assim como os amigos. O importante é lembrarmos que, mais cedo ou mais tarde, seremos nuvem na vida de alguém. .

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Janeiro 2010 = Janeiro 2011 = tragédia anunciada





No início do ano passado, escrevi um texto, ainda na comoção dos acontecimentos da virada do ano. Não o postei aqui. Guardei-o para mim por no fundo me sentir muito penalizada por tanta tristeza envolvendo as mortes provocadas pelos deslizamentos de terra e enchentes.
Agora, um ano depois, decidi atualizá-lo e dividir com vocês este pensamento...


Mal iniciamos o ano e acordamos com o relato de tragédias em nosso país.

A história se repete, Janeiro de 2010, Angra dos Reis, morro do Bumba, Janeiro de 2011, região Serrana do Rio, Franco da Rocha em São Paulo, entre outras tantas cidades.
Saldo de mortes, desalojados, desabrigados, destruição.
Os noticiários dizem que a chuva castigou bairros, cidades, vilas.
Mentira.
A chuva não castiga ninguém, assim como Deus.
Nós, seres humanos prepotentes que somos, é que castigamos o planeta pra depois chorarmos sobre nossos mortos culpando a chuva, Deus e o azar.
Os que se salvaram carregam consigo a alegria de estarem vivos, com a culpa por estarem alegres, enquanto outros que estavam ali ao lado, se foram, morreram sem que tivessem a chance de socorro.
E nós continuamos, cobrindo o solo com asfalto, construindo casas nas regiões ribeirinhas, cobrindo os morros com alvenaria ao invés de vegetação.
E choramos, enxurradas de lágrimas pelos que se foram e pelos que ficaram, na mais absoluta miséria, por aqueles que perderam tudo, ou todos.
Quem dera as enxurradas das ruas levassem a dor dessas pessoas. Mas não. Essas levam lixo, do menor cisco de papel, descartado pela janela do carro, aos entulhos desprezados nas calçadas e sacos não recolhidos.
Que se guardem as lágrimas, pois infelizmente outros morros virão abaixo. Outras famílias se perderão.
As represas quase transbordando, represas feitas pelos homens, ameaçando devastar casas alojadas às margens dos rios, casas construídas pelos homens, aprovadas ou permitidas por seus governos.
O lixo, detrito dos homens, entupindo bueiros, retornando às casas, levados pela água que não encontra seu destino.
E os morros ainda vão chorar e derramar sua lama sobre nós.
Tomara seja sobre casas desapropriadas pelos homens, que inteligentes, terão percebido que assim não podemos ficar.

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