quinta-feira, 14 de julho de 2011

Pingo

Há gente pra tudo na vida.
Gente que cuida de gente,
Gente que põe bebê no lixo.
Gente que sai da casa pra levar comida a quem é desabrigado
Gente que leva álcool e fósforo.
Gente que judia de animais,
Gente que os ama a toda prova...

Na semana passada perdemos um ente
Nossa família não está mais tão completa
Afinal, há vinte anos, isso mesmo, vinte anos
Desfrutávamos da companhia de nosso gato Pingo.

Pingo completou vinte anos em Maio, e apesar de velhinho
Ainda era nosso bebê.
Aquele que não podia ver alguém aconchegar-se no sofá e já vinha em busca de colo.
Dono de belos olhos verdes, corpo todo branco, narizinho rosa, foi adotado por nós após sua mãezinha, Kika, ter dado a luz a cinco lindos gatinhos.
Parêntese importante, Kika ainda está Viva, em seus vinte e um anos, divide hoje sua morada e sua velhice entre duas casas. Chamo de guarda compartilhada, a da minha mãe e sua vizinha de muro que a acolhe, onde também tem caminha, comida e carinho.
Kika teve seus bebezinhos sendo o Pingo o último a nascer.
Parecia desde o início diferente dos outros, menorzinho, deixado pra trás nas mamadas,
Quando era empurrado pelos irmãos, rolando para o lado, ficava com a língua enroladinha na forma da teta da mãe, olhos fechados, parecia demorar a perceber que não estava mamando.
Necessitou, portanto, de atenção especial por parte de nós, seus cuidadores, que o colocávamos pra mamar em separado. Resumindo, Pingo ficou o maior de todos, e foi mimado.
Ninhada doada, um a um, os irmãos foram saindo, cada qual com sua nova família, e o Pingo ficou.
Ficou conosco por suas sete vidas.
Esgotou cada uma delas em sua vida de descobertas, quedas, atropelamento, envenenamento, brigas, e sobreviveu.
Dono de um andar leonino, sabedor de sua importância hierárquica na família, usufruiu de privilégios sobre os outros animais da casa. E na verdade, nenhum deles parecia se importar. Era respeitado por todos os sete cães com quem conviveu durante sua vida.
Foi-se nosso bebê velhinho.
Lindo, Pingo. Foi sereno.
Deixou a casa triste e o sofá mais frio.
Descansa hoje no céu dos bichos.


Um comentário:

Tê ribeiro disse...

Linda historia,somente quem tem um amor como esse reconhece a dor da perda.
Boris ia completar 5 meses,e a pouco mais de 3 estava conosco,mas ja havia conquistado seu espaço,na nossa vida e no sofá..rsrs
Mas sei que nada na vida acontece por acaso e o pouco tempo que ele esteve aqui nos trouxe muita vida muita alegria, risos,mas o tempo dele era esse,,triste muito triste esse primeiro dia sem ele mas vamos ter que nos acostumar com muitos, dias apenas na lembrança.