segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Hoje Não!!!



Tudo o que eu jamais esperava era acordar um dia para ter este encontro.
Logo pela manhã! Se ao menos eu tivesse tido algum aviso. Uma boa maquiagem e um salto alto poderiam ter me ajudado a superar este imprevisto tão desagradável.
Eu, de cara lavada, tomada pela surpresa, pálida e atônita. Ele ali no meio dos outros, totalmente à vontade, saliente, em destaque, como previsível.

Não foi assim que imaginei este dia.
Pensei que quando o encontrasse, seria na minha melhor forma, tanto física quanto emocional. Minha superioridade e meu pouco caso o colocariam em seu devido lugar.

Ao invés disso, me peguei pensando o que diriam todos a partir de hoje, ao vê-lo por ali, escancarando sua presença, enquanto eu, por mais que tentasse ignorá-lo, tinha sofrido um baque, e qualquer ação na intenção de omitir sua presença só reforçaria o fato de que eu me importava com sua existência. Pobre de mim.

- Vulnerável! Fraca! - Pensava, enquanto fechava rapidamente a porta atrás de mim.
Joguei água fria no rosto, tentando me recobrar do susto, enquanto repetia em voz alta palavras de encorajamento.
- Linda! Poderosa! Você pode tudo! Você é mais que isso! Não se deixe abater!

Vasculhando a nécessaire em busca de apoio moral, esponjo o rosto com um pouco de blush, afastando a palidez, trazendo cor às bochechas. Nos lábios uma gota de brilho, e nos olhos uma pincelada sobre as pálpebras deixando os cílios longos e encorpados.
Conferi o resultado. Rejuvenescida em alguns anos, aprovei o frescor que a maquiagem me trouxe. Respiro fundo.
Pronta para encará-lo, determinada puxei-o do meio dos outros, tive cuidado de isolá-lo.
Dei uma última boa olhada nele, analítica e fria. Ainda o veria outras vezes, o futuro me reservaria este desprazer. Certo, ele haveria de voltar a me atormentar. Mas não hoje, definitivamente hoje não!
Com um giro e um movimento rápido, o abati.
Agora, preso aos meus dedos, olhei-o com desprezo. Impotente, jazia morto.
Joguei na pia o maldito fio de cabelo branco.
Cínica, sorri enquanto ele deslizava ralo abaixo.
Ajeitei as madeixas, minha vasta, longa e negra cabeleira.

Numa última olhada para o espelho, aprovei o que vi. Soprei-me um beijo, pronta agora pra qualquer desafio que o dia me apresentasse.

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Dezembro, Desejos e Aromas do fim do ano


Dezembro era esperado pelas crianças como o melhor de todos os tempos, a fase mágica de início de férias, aliado ao verão e claro, a chegada do Natal.
Na infância de outros tempos, não tão longe assim, os presentes eram limitados a duas datas no ano. Garantidos no aniversário e no Natal, nossos pacotes guardavam surpresas, ao menos em casa era assim. Nada de listas, nada de compras antecipadas, afinal, um dos maiores prazeres era imaginar o que o Papai Noel nos reservaria para aquele ano.


Mas Dezembro sempre foi mais que isso. Enfeitar a árvore de natal, desembrulhar uma a uma as bolas que surpreendentemente se quebravam sozinhas dentro das caixas.

E o cheiro?
Pinheirinhos naturais sempre deixam um aroma diferente na casa, juntam-se a isso os aromas da véspera, comidas natalinas esperadas, preparadas ao longo da semana.
Em casa o prato principal sempre foi o pernil e o mais esperado as rabanadas. Não se faz pernil fora desta época em casa. Rabanada então, simples pão amanhecido de todo dia, porém comido como manda a tradição apenas no dia mais festivo do ano.

Tempo de comprar presentes, fazer cartões, e o amigo secreto? Trânsito maluco, lojas cheias, mas no final o pacotinho entregue representa sua dedicação em fazer saber que aquela pessoa querida vale o sacrifício.


Dezembro, Natal, luzes, enfeites, comidas, cartões, sorrisos, encontros, tempo de celebrar o amor, as conquistas, a saúde, família, amigos. Tempo de perdoar, agradecer e renovar os votos de felicidade a todos que amamos.

Que seu Dezembro seja o presente do ano, o melhor mês, o final que é começo, o início de novo tempo, que de fim seja apenas para as dúvidas e incertezas, 2010 será ainda melhor.



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Feliz Dezembro, ainda volto antes do Natal...

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