segunda-feira, 29 de junho de 2009

Um ano depois


Um ano depois

Queridos visitantes, amigas e amigos.
Ontem vivenciei uma experiência tão satisfatória quanto inspiradora a ponto de me trazer a este espaço para dividi-la com vocês.
Há um ano, em uma festa de um aninho de Catarina, filha de uma amiga, tive a oportunidade de conhecer duas mulheres, duas histórias diferentes, somadas com a minha, éramos três,
Em um momento crucial de nossas vidas.
Citarei seus nomes porque apesar de não ter pedido permissão, em nada as comprometeria meu relato para que as chamasse por nomes fictícios.
Fomos apresentadas, inicialmente nossa amiga em comum, Fátima nos entreteve por alguns minutos, e como tópico inicial o lançamento do meu livro que se daria dali há um mês aproximadamente.
Falei por cima, sobre a Livraria Sobrado, onde se daria o evento. Estava encantada, tinha acabado de sair de lá para ver como se dava um evento noturno, e o lugar encantador ganhava um charme a mais com as luzes da noite e a música instrumental. Meus olhos brilhavam diante de mais uma etapa vencida no caminho por realizar aquele projeto que completava cinco anos. Meu livro.
Eva encontrava-se em uma fase crítica, apesar de ser uma pessoa muito forte, de alto astral, muito positiva e bem humorada, enfrentaria pela frente talvez a fase mais difícil de sua vida. Seu marido ia ser submetido a uma cirurgia para remoção de um tumor no cérebro, com todos os riscos e incertezas que envolvem uma cirurgia deste porte, onde nem os médicos podem assegurar sobre que tipo de sequelas podem se apresentar após sua realização.
Trocamos idéias sobre médicos, conduta médica, ser humano médico, sobre milagres, sobre a sorte de encontrar um médico bom realmente interessado no paciente e em suas dúvidas e aflições.
Falamos sobre família, sobre casais e de quanto na hora do aperto é importante contar com essa unidade familiar que dará suporte e ajudará na recuperação seja qual for a dificuldade.
Travamos uma conversa que percorreu caminhos diversos, mas muito animada e proveitosa, como grandes amigas que não se viam há um bom tempo, tagarelamos por horas.
A certa altura o jantar servido, senta-se ao nosso lado o terceiro vértice desse triângulo, Solange.
Enquanto continuávamos a conversa, fomos nos interando de quem era essa moça, que era casada há alguns anos e até então não tinha filhos.
Eu com os meus por ali passando, a pergunta era inevitável e Eva a fez. Perguntou se ela desejava ter filhos.
Solange queria sim, mas havia perdido um bebê e estava naquela fase em que retoma o plano, ainda incerta de qual caminho tomar, buscava entre outras coisas um médico e aí nossa conversa se intensificou.
Recomendei meu médico, falamos sobre os medos e apreensões que cercam uma gravidez após uma perda.
Finda a festa, nos despedimos, convites a serem enviados, telefones trocados, e votos de que tudo correria bem em nossas vidas, nos despedimos.


Ontem, nova festa, novo bolo para Catarina que agora completava seus dois anos de vida, hoje muito mais saltitante, mal sabia ela que ao nos convidar para sua celebração estaria nos presenteando.
Meu presente foi ver chegar o casal, Eva e esposo, saudáveis, felizes, rejuvenescidos em minha opinião, aparentando menos idade e definitivamente menos medos, preocupações e mais alegria em viver após uma muito bem sucedida intervenção médica, uma recuperação abençoada e o milagre da ausência de sequelas.
Enquanto ainda nos atualizávamos de nossas novidades, ela de suas fases e eu das conquistas alcançadas pelo livro, vimos chegar Solange, carregando nos braços seu pequeno Vitor. Vitorioso milagre trazido ao mundo através das mãos do Dr. Mauro Grynszpan, para meu deleite, que me sinto um pouquinho participante desta conquista.

Ahhh, como um ano passa e tantas coisas acontecem.
Quem dera pudéssemos sempre que preciso dar um pulinho no futuro pra ver que lá na frente tanta coisa já estará resolvida, problemas solucionados.
Pra mim ficou como lição, mas uma dessas que a vida apresenta, disfarçada na rotina de todos nós, mas evidente para quem quer enxergar que tempos melhores virão, sempre, que não problema que não tenha fim.

Hoje é Ano Novo, pra nós pertencentes ao triângulo, e com fé em Deus no ano que vem Catarina nos proporcionará nova oportunidade de crescer, no seu aniversário.
Boa semana, bom ano!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Papo de Mãe


Olá

Boas novas existem pra serem compartilhadas...


A partir do mês de Julho, terei uma coluna na revista mensal Materlife. Para quem ainda não conhece, trata-se de uma revista bem legal de interesse feminino, basicamente.

Minha estréia ainda não se deu, mas sabe como é, o meu pessoal VIP já poderá espiar meu texto de antemão, segue abaixo:


Papo de mãe

Minha filha Laura sempre teve muita dificuldade para dormir.
Suas sonecas desde bebê eram leves, daquele tipo que qualquer barulhinho acorda, e para que caísse no sono, precisei usar de muitos recursos, de cantar músicas de ninar a assistir duas ou três vezes os vídeos da Xuxa, que ela adorava. Mas assim que cresceu um pouquinho mais, com quase dois anos, adotei uma tática diferente.
Sentávamos em uma poltrona de balanço, no quarto, ela no meu colo, e eu começava a ler livrinhos de história, mostrando os desenhos, fazendo os barulhinhos e sons dos animais, assim ela ia se distraindo e relaxando e eu ia inventando detalhes, acrescentando emoção. Daí colocava-a no berço, sentada a seu lado ia aumentando as histórias até que ela pegasse finalmente no sono.
O hábito se estendeu, continuei lendo, tive meu filho, William, e sempre contando histórias antes de colocá-los para dormir.
Criei um repertório próprio de histórias, todas com certa preocupação em transmitir conceitos de ética, amizade, respeito ao próximo, mas que fossem divertidas.
Nosso padrão antes de dormir era como regra, eu leria duas histórias, cada um escolheria a sua em nossa pequena biblioteca que ganhou corpo com o passar dos poucos anos.

A seqüência poderia variar. Às vezes um deles dormia durante a leitura, às vezes os dois caiam no sono, mas na maioria das vezes, ao final da segunda estavam lá, de olhos abertos, pedindo por uma nova aventura. Então era hora da “história da cabeça”. Eu apagava as luzes, e no escuro, já deitados, acomodados, ouviriam minha narrativa, e cada dia era uma nova, e sempre tinha que repetir as antigas.
Aos seis anos minha filha me pediu que escrevesse um livro com as histórias que inventei, disse que divertiriam outras crianças. A princípio não dei crédito ao que dizia, mas ela, enfática como sempre, disse que o livro deveria chamar-se “Histórias da Cabeça da Mamãe” e que de tantas criadas eu poderia lançar uns três livros.


A importância do hábito de ler para as crianças vai muito além do desenvolvimento de seu intelecto, de seu vocabulário, de sua capacidade criativa, refere-se à construção de um vínculo tão forte que o tempo não desfaz. Um laço estreito entre aquele que apresenta um mundo infinito de possibilidades e aquele que engatinha em suas descobertas. Assim será por toda a vida, o livro, portador de emoções, cultura, experiências, companheiro, mestre e do outro lado o leitor, que ao lê-lo baixa sua guarda, abrindo-se para o novo, pré-disposto a aceitá-lo.

“Histórias da Cabeça da Mamãe”, uma coletânea de dez contos foi lançado, bem aceito e me levou a novos caminhos. Em breve lançarei “Outras histórias da Cabeça da Mamãe” com a total certeza de que minhas histórias estimularão pais, avós, tios e professores a desenvolver e manter este delicioso hábito de ler para suas crianças.


Em breve espero postar aqui o convite do lançamento do livro, que ainda está em fase de produção, mas enquanto isso, fica aqui o convite mais próximo de adquirirem a revista nas bancas a partir de Julho.

Um abração!


sexta-feira, 5 de junho de 2009

Pequenos Milagres


Sabe, me peguei pensando a respeito de algo que acredito todos nós deveríamos prestar mais atenção.

Os pequenos milagres.

E quando me sentei para começar a colocar as idéias em ordem, pensei em começar meu texto com a definição formal da palavra milagre, buscada no google. Digitei definição de milagre. Encontrei este texto do Paulo Coelho, que coloco aqui pois achei muito interessante:



PAULO COELHO

NHÁ CHICA DE BAEPENDI
O que é um milagre?
Existem definições de todos os tipos: algo que vai contra as leis da natureza, intercessões em momentos de crise profunda, coisas cientificamente impossíveis, etc.
Eu tenho minha própria definição: milagre é aquilo que enche o nosso coração de paz. Ás vezes se manifesta sob forma de uma cura, de um desejo atendido, não importa – o resultado é que, quando o milagre acontece, sentimos uma profunda reverência pela graça que Deus nos concedeu.
Há vinte e tantos anos atrás, quando eu vivia meu período hippie, minha irmã me convidou para ser padrinho de sua primeira filha. Adorei o convite, fiquei contente que ela não me pediu para que cortasse os cabelos (naquela época, chegavam até a cintura), nem me exigiu um presente caro para a afilhada (eu não teria como comprar).
A filha nasceu, o primeiro ano se passou, e o batizado não acontecia nunca. Achei que minha irmã tinha mudado de idéia, fui perguntar o que havia acontecido, e ela respondeu: “Você continua padrinho. Acontece que eu fiz uma promessa para Nhá Chica, e quero batizá-la em Baependi, porque ela me concedeu uma graça”.
Não sabia onde era Baependi, e jamais tinha escutado falar de Nhá Chica. O período hippie passou, eu me tornei executivo de gravadora, minha irmã teve uma outra filha, e nada de batizado. Finalmente, em 1978, a decisão foi tomada, e as duas famílias – dela e de seu ex-marido – foram a Baependi. Ali eu descobri que a tal Nhá Chica, que não tinha dinheiro nem para seu próprio sustento, havia passado 30 anos construindo uma igreja e ajudando os pobres.
Eu vinha de um período muito turbulento em minha vida, e já não acreditava mais em Deus. Ou melhor, dizendo, já não achava que procurar o mundo espiritual tinha muita importância: o que contava eram as coisas deste mundo, e os resultados que pudesse conseguir. Tinha abandonado meus sonhos loucos da juventude – entre os quais, ser escritor – e não pretendia voltar a ter ilusões. Estava ali naquela igreja para apenas cumprir um dever social; enquanto esperava a hora do batizado, comecei a passear pelos arredores, e terminei entrando na humilde casa de Nhá Chica, ao lado da igreja. Dois cômodos, e um pequeno altar, com algumas imagens de santos, e um vaso com duas rosas vermelhas e uma branca.
Num impulso, diferente de tudo o que eu pensava na época, fiz um pedido: se, algum dia, eu conseguir ser o escritor que queria ser e já não quero mais, voltarei aqui quando tiver 50 anos, e trarei duas rosas vermelhas e uma branca.
Apenas para me lembrar do batizado, comprei um retrato de Nhá Chica. Na volta para o Rio, o desastre: um ônibus pára subitamente na minha frente, eu desvio o carro numa fração de segundo, o meu cunhado também consegue desviar, o carro que vem atrás se choca, há uma explosão, vários mortos. Estacionamos na beira da estrada, sem saber o que fazer. Eu procuro no bolso um cigarro, e vem o retrato de Nhá Chica. Silencioso em sua mensagem de proteção.
Ali começava minha jornada de volta aos sonhos, à busca espiritual, à literatura, e um dia eu me vi de novo no Bom Combate, aquele que você trava com o coração cheio de paz, porque é resultado de um milagre. Nunca me esqueci das três rosas. Finalmente, os cinqüenta anos - que naquela época pareciam tão distantes - terminaram chegando.
E quase passam. Durante a Copa do Mundo, fui a Baependi pagar minha promessa. Alguém me viu chegando em Caxambu (onde pernoitei), e um jornalista veio me entrevistar. Quando eu contei o que estava fazendo ali, ele pediu:
- Fale sobre Nhá Chica. O corpo dela foi exumado esta semana, e o processo de beatificação está no Vaticano. As pessoas precisam dar seu testemunho.
- Não – disse eu. – É uma história muito íntima. Só falaria se recebesse um sinal.
E pensei comigo mesmo: “O que seria um sinal? Só mesmo se alguém falasse em nome dela!”
No dia seguinte, peguei o carro, as flores, e fui a Baependi. Parei um pouco distante da igreja, lembrando o executivo de gravadora que estivera ali tanto tempo antes, e as muitas coisas que tinham me conduzido de volta. Quando ia entrando na casa, uma mulher jovem saiu de uma loja de roupas:
- Vi que seu livro “Maktub” é dedicado a Nhá Chica – disse ela. – Garanto que ela ficou contente.
E não me pediu nada. Mas aquele era o sinal que eu estava esperando. E este é o depoimento público que eu precisava dar.


Então, gostaram? Retomo a questão que envolve meus pequenos milagres. Tenho tido minha vida abençoada por eles, nem saberia quantificá-los, mas no geral hoje quero falar das coisas pequenas, que passam quase imperceptíveis aos olhos dos menos atentos.

Vejo a olho nu, aqui pertinho, dia a dia, mudanças, conquistas, presentes que Deus certamente tem deixado pra mim, em doses homeopáticas, pra meu deleite.

O inimaginável acontece, aconteceu pra mim, acontece pra você também. Aquilo que desejamos, aquilo que nem ousamos desejar por imaginar ser impossível.

Abro meus olhos para estes acontecimentos, agradeço ainda estarrecida. As flores também brotam em terreno árido, em meio a pedras, transformando o visual, iluminando a paisagem.

O pequenos milagres também são assim. Sejam os que ocorrem na sua vida, ou os que abençoam a vida daqueles que te cercam, esses são pílulas energéticas, revigoram, dão força para que saibamos que o caminho é o certo.

Obrigada Senhor pelos seus feitos, milagres de cada dia. Amém.