quarta-feira, 29 de julho de 2009


Perdas

Na concepção da palavra, a perda é quase sempre ruim.
Perdemos o sono por problemas, perdemos tempo nas filas, perde-se a paciência com tanta roubalheira e impunidade, perdemos tantas oportunidades por um triz.
Uma perda positiva que me vem à mente é a perda de peso. Esta sim, desejada, buscada e muitas vezes tão difícil de se obter que o que acaba perdida é a motivação.
Outra perda que vale a pena é uma mania nova e muito interessante, uma campanha chamada: Perca um livro. A moda se originou na Europa e vem ganhando força. Eu mesma já perdi alguns, é interessante, recomendo. Deixar de propósito um livro em um lugar público, com a intenção e a mensagem escrita de que aquele que o encontre desfrute da leitura e depois o perca novamente para que outro possa repetir a saga.

Perder um objeto estimado é muito chato, quem já não perdeu um documento, uma caneta especial, o guarda-chuva, mulheres perdem a tarraxa do brinco, bebês perdem chupetas e um pé do sapatinho.
A perda gera aquele vazio. Todos nós conhecemos o que é esperar por algo que não volta.

A morte é a perda mais assustadora, a princípio. Saber que não há como ter de volta, que se foi. Mas ainda prefiro encarar a morte como uma viagem, como minha amiga Mary, que está do outro lado do planeta, na Nova Zelândia, alguém que não vejo há 18 anos, mas por quem permanece todo o meu carinho e saudade. Apenas não posso vê-la.

Deixo-me enganar por esta ilusão que me permite levar de forma mais branda o que definitivo, assim, encaro a morte como esta viagem ao lugar distante que nem toda tecnologia permite a comunicação.

Tem mãe que perde filho, e filho que perde os pais. Não gosto de comparar dores. Costumo dizer que dor de ouvido não dói mais ou menos que a dor de dente.
A pior dor é a de hoje, aquele que se sente agora.

Porém a perda que me faz hoje digitar essas idéias é a da cadela Dida.
Dida é uma vira-lata, dessas de cara boa, como costumam ser os vira-latas, com todo respeito ao Pedigree alheio, mas o traço marcante que une este grupo racial são os olhos. Olhos que no início pedem: Me leve! Com o tempo se mostram tão amigos, tão compreensivos, tão expressivos como poucas pessoas podem ser através do olhar.
Dida está na família há 10 anos, e fugiu da Petshop. Em um segundo estava ali, pra tomar um banho e ir passar o fim de semana na chácara, que ela tanto gosta, no outro estava nas ruas, tomando chuva e se arriscando por lugares onde nunca passou.

São Pedro também perdeu a noção do excesso e desde Quinta nos deu dias e noites chuvosos, aumentando nossa dificuldade em colar cartazes, distribuir panfletos e toda forma de divulgação.
Mas retomando a idéia de perda, nossa Dida, perdida, precisa ser encontrada, voltar pra casa, ser acarinhada e festejada, cuidada, alimentada, como membro da família, precisamos dela lá.

De todas as perdas possíveis, só não podemos perder jamais é a fé.
A fé é que nos leva adiante, nos permite acreditar no amanhã. A fé nos empurra da cama com tanta força quanto nos afofa o travesseiro pra uma noite de sono bem dormida.

A minha fé move montanhas, como diz o ditado, mas vai além, na impossibilidade, abre túneis, faz escalada.
Se sofro? Sim às vezes, mas me agarro na mata e subo a montanha. Elevo os pensamentos e entrego minha dor a Deus, divido com Ele, minhas aflições, minhas dúvidas, e Ele multiplica minhas forças, minha confiança, minha fé.

Não percamos a certeza de que tudo tem uma razão de ser, que lições são tiradas, e afinal, estamos aqui só pra aprender.

Perdemos a Dida e ganhamos algo novo:
A certeza que a solidariedade ainda existe.
Que há muito mais gente boa nas ruas do que a TV mostra.
Que ainda dá pra andar de carro com a janela aberta.
Que muita alma boa sai de casa a noite pra alimentar os animais de rua.
E que isso nunca se perca!


Até breve Dida!

segunda-feira, 20 de julho de 2009


Pra você hoje.

Amigo não é coisa, muito menos pra se guardar do lado esquerdo do peito, diria melhor, que amigo é anjo, pra se hospedar do lado direito do peito, ao lado do coração, atento a suas nuances, porque o verdadeiro amigo sabe quando nosso pequeno músculo palpita forte de emoção, aperta-se em agonia ou mesmo suspende temporariamente suas batidas diante dos sustos que a vida teima em nos pregar.
Amigo é mais que remédio, é vacina, prevetivamente nos fortalece, também é cura pra muitos males, mas antes de tudo é promessa de que tudo ficará bem, depois daquele abraço, mesmo dado a distância.
Amigo é luz, luz de Deus na Terra, um toque daquele que não pode se fazer presente em forma, se faz na amizade, fortalece, engrandece, partilha, multiplica.
Amigo é tudo de bom. Dá saudade e não enjôa.
Amigo tem cara de mãe, de companheiro, de criança, de filho, amigo tem voz, tem escrita, tem foto, cartão postal, amigo moderno está no msn, manda email, torpedo, e mesmo quando tudo isso falha, o amigo estará lá, em forma de oração, pra te desejar, como eu te desejo hoje, uma vida plena e um feliz dia do amigo.