terça-feira, 11 de outubro de 2011

Nossas Malas

Olha-me no seu espelho.
Olhe-se no meu espelho.
Vejamo-nos com outros olhos num dia difícil.
Admiremo-nos com novos olhos no dia a dia
Chega de imagens prontas de nós mesmos
Enjoativas figuras pré-moldadas
De respostas prontas.

Inove.
Nem que seja da boca pra fora
Acostume-se em novos sapatos
Figurino emprestado
Carcaça alheia
Feridas diferentes


Cale-se
Retroceda diante do inevitável
De um bom tempo
Ao tempo que não pára
E quando libertar-se
Verá quem era refém de quem.


Inspire.
Expire
Inspire-se
Aceite o que é seu por dom,
Escolha, direito, defeito ou sina.
Exalte-se em sua existência


Ame e Perdoe
Ceda e Exija
Também Peça
Faça uso de sua fraca franqueza
Com forte intenção, ainda que incompreendida.


Olhe-se em seu próprio espelho
Enxergue-se dentro de seu íntimo reflexo
Verá que não há solidão do ser
Que dentro de você já estão todos
Faces e facetas,
Amigas ainda que imperfeitas.
São companheiras de sua jornada
Mas só se você assim os permitir
Afinal, a bagagem desta viagem é sua
Mas se puder, aceite um carrinho de mão.

Promessas pra Amanhã

Amanhã é dia das Crianças
Dormirei de pantufas
Para, quem sabe,
Despertar em pés infantis


Esquecerei de escovar os dentes
E sairei descabelada
Atrás de um mimo esperado
Tomara seja um brinquedo e não um pijama novo.

Comerei a sobremesa
Muito antes da comida
E limparei o prato
Só pra poder ver o fundo decorado de balões

Levar-me-ei ao circo
Onde criança que sou
Fugirei dos medos
Nada de feras, ou trapézios
Farei graça para o palhaço
E andarei na corda bamba
Só pra me lembrar dos adultos

Amanhã não farei lição de casa
Nem pagarei contas,
Não tirarei a maquiagem
Nem passarei meus cremes
Perfeita liberdade infantil


Vou tomar gelado
Me lambuzar de sorvete
Não contarei calorias
E medirei minha satisfação
Com duas mãos sobre a barriga cheia


Amanhã é outro dia
E depois dele, outro
Guardarei minha criança
Na risada bem dada
E no saber relaxar


Terei sonhos gigantescos
E ego exacerbado
E quando tiver pesadelos
Buscarei colo
E pegarei no sono profundo e restaurador,
Sono de criança.
E nos pés,
Permanecerão as pantufas.

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