segunda-feira, 26 de julho de 2010

Minha amiga Polvo



Eu tenho uma amiga polvo.
Não é famosa como o animal que previu
Os resultados dos jogos da copa.
Mas minha amiga, ser cefalópode,
possui inúmeros braços, mas não tantos quantos seus talentos.
Braços capazes de cuidar de tudo e todos ao mesmo tempo.
Chamei-a de polvo pela primeira vez
Quando a vi dirigir, falar ao telefone e maquiar a filha que levava para uma apresentação de balé. Perdoado o telefonema, pois ensinava o caminho aos familiares desavisados, ou estes perderiam o espetáculo.
Alcança na bolsa grampos, enrola o coque em meio ao gel que aplica na cabeça da bailarina mirim. Retoca seu próprio batom, estacionando o carro, carregará bolsas, fantasia e filhos, acenará a uma conhecida e entregando os convites ao porteiro, abraça a filha já na porta dos camarins. Bela, estará em segundos refeita, ajeitando as madeixas, em pleno salto, chegará inteira ao teatro.
Mulher polvo deu conta de tudo mais uma vez.
Eu, orgulhosa, assisto admirada sua maestria de movimentos.
Descubro nesta definição da pessoa o porquê de sua flexibilidade, seu ajuste, sua habilidade de se moldar a vida.
Polvos não possuem esqueleto interno ou externo, o que lhes permite os ajustes ao meio. Além disso, é sabido de sua incrível habilidade de camuflagem, recurso de auto preservação.
Com visão binocular, minha amiga polvo enxerga mais do que o que se vê.
Vai além, vê a fundo o que se passa.
Quando ameaçada, usa o recurso de autotomia, como fazem as lagartixas, a fim de fugir de seus inimigos, larga braços para trás, escapando dos predadores de sua infindável amabilidade.
Refaz-se e em breve, pronta para novos abraços se faz forte.
Um abraço pra você querida amiga polvo.
Quisera eu fosse de oito braços, pra que você se sentisse hoje acalentada em seu momento de colo, mas caiba nesses que te amam e se juntam em prece pra que você se sinta bem, muito em breve.

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