sexta-feira, 5 de junho de 2009

Pequenos Milagres


Sabe, me peguei pensando a respeito de algo que acredito todos nós deveríamos prestar mais atenção.

Os pequenos milagres.

E quando me sentei para começar a colocar as idéias em ordem, pensei em começar meu texto com a definição formal da palavra milagre, buscada no google. Digitei definição de milagre. Encontrei este texto do Paulo Coelho, que coloco aqui pois achei muito interessante:



PAULO COELHO

NHÁ CHICA DE BAEPENDI
O que é um milagre?
Existem definições de todos os tipos: algo que vai contra as leis da natureza, intercessões em momentos de crise profunda, coisas cientificamente impossíveis, etc.
Eu tenho minha própria definição: milagre é aquilo que enche o nosso coração de paz. Ás vezes se manifesta sob forma de uma cura, de um desejo atendido, não importa – o resultado é que, quando o milagre acontece, sentimos uma profunda reverência pela graça que Deus nos concedeu.
Há vinte e tantos anos atrás, quando eu vivia meu período hippie, minha irmã me convidou para ser padrinho de sua primeira filha. Adorei o convite, fiquei contente que ela não me pediu para que cortasse os cabelos (naquela época, chegavam até a cintura), nem me exigiu um presente caro para a afilhada (eu não teria como comprar).
A filha nasceu, o primeiro ano se passou, e o batizado não acontecia nunca. Achei que minha irmã tinha mudado de idéia, fui perguntar o que havia acontecido, e ela respondeu: “Você continua padrinho. Acontece que eu fiz uma promessa para Nhá Chica, e quero batizá-la em Baependi, porque ela me concedeu uma graça”.
Não sabia onde era Baependi, e jamais tinha escutado falar de Nhá Chica. O período hippie passou, eu me tornei executivo de gravadora, minha irmã teve uma outra filha, e nada de batizado. Finalmente, em 1978, a decisão foi tomada, e as duas famílias – dela e de seu ex-marido – foram a Baependi. Ali eu descobri que a tal Nhá Chica, que não tinha dinheiro nem para seu próprio sustento, havia passado 30 anos construindo uma igreja e ajudando os pobres.
Eu vinha de um período muito turbulento em minha vida, e já não acreditava mais em Deus. Ou melhor, dizendo, já não achava que procurar o mundo espiritual tinha muita importância: o que contava eram as coisas deste mundo, e os resultados que pudesse conseguir. Tinha abandonado meus sonhos loucos da juventude – entre os quais, ser escritor – e não pretendia voltar a ter ilusões. Estava ali naquela igreja para apenas cumprir um dever social; enquanto esperava a hora do batizado, comecei a passear pelos arredores, e terminei entrando na humilde casa de Nhá Chica, ao lado da igreja. Dois cômodos, e um pequeno altar, com algumas imagens de santos, e um vaso com duas rosas vermelhas e uma branca.
Num impulso, diferente de tudo o que eu pensava na época, fiz um pedido: se, algum dia, eu conseguir ser o escritor que queria ser e já não quero mais, voltarei aqui quando tiver 50 anos, e trarei duas rosas vermelhas e uma branca.
Apenas para me lembrar do batizado, comprei um retrato de Nhá Chica. Na volta para o Rio, o desastre: um ônibus pára subitamente na minha frente, eu desvio o carro numa fração de segundo, o meu cunhado também consegue desviar, o carro que vem atrás se choca, há uma explosão, vários mortos. Estacionamos na beira da estrada, sem saber o que fazer. Eu procuro no bolso um cigarro, e vem o retrato de Nhá Chica. Silencioso em sua mensagem de proteção.
Ali começava minha jornada de volta aos sonhos, à busca espiritual, à literatura, e um dia eu me vi de novo no Bom Combate, aquele que você trava com o coração cheio de paz, porque é resultado de um milagre. Nunca me esqueci das três rosas. Finalmente, os cinqüenta anos - que naquela época pareciam tão distantes - terminaram chegando.
E quase passam. Durante a Copa do Mundo, fui a Baependi pagar minha promessa. Alguém me viu chegando em Caxambu (onde pernoitei), e um jornalista veio me entrevistar. Quando eu contei o que estava fazendo ali, ele pediu:
- Fale sobre Nhá Chica. O corpo dela foi exumado esta semana, e o processo de beatificação está no Vaticano. As pessoas precisam dar seu testemunho.
- Não – disse eu. – É uma história muito íntima. Só falaria se recebesse um sinal.
E pensei comigo mesmo: “O que seria um sinal? Só mesmo se alguém falasse em nome dela!”
No dia seguinte, peguei o carro, as flores, e fui a Baependi. Parei um pouco distante da igreja, lembrando o executivo de gravadora que estivera ali tanto tempo antes, e as muitas coisas que tinham me conduzido de volta. Quando ia entrando na casa, uma mulher jovem saiu de uma loja de roupas:
- Vi que seu livro “Maktub” é dedicado a Nhá Chica – disse ela. – Garanto que ela ficou contente.
E não me pediu nada. Mas aquele era o sinal que eu estava esperando. E este é o depoimento público que eu precisava dar.


Então, gostaram? Retomo a questão que envolve meus pequenos milagres. Tenho tido minha vida abençoada por eles, nem saberia quantificá-los, mas no geral hoje quero falar das coisas pequenas, que passam quase imperceptíveis aos olhos dos menos atentos.

Vejo a olho nu, aqui pertinho, dia a dia, mudanças, conquistas, presentes que Deus certamente tem deixado pra mim, em doses homeopáticas, pra meu deleite.

O inimaginável acontece, aconteceu pra mim, acontece pra você também. Aquilo que desejamos, aquilo que nem ousamos desejar por imaginar ser impossível.

Abro meus olhos para estes acontecimentos, agradeço ainda estarrecida. As flores também brotam em terreno árido, em meio a pedras, transformando o visual, iluminando a paisagem.

O pequenos milagres também são assim. Sejam os que ocorrem na sua vida, ou os que abençoam a vida daqueles que te cercam, esses são pílulas energéticas, revigoram, dão força para que saibamos que o caminho é o certo.

Obrigada Senhor pelos seus feitos, milagres de cada dia. Amém.

5 comentários:

Unknown disse...

Oi Simone,muito lindo seu texto,você como sempre se expressa muito bem.
Adorei esse trecho.

"Abro meus olhos para estes acontecimentos, agradeço ainda estarrecida. As flores também brotam em terreno árido, em meio a pedras, transformando o visual, iluminando a paisagem."

Impressionante como nossas lutas e vitórias são capazes de transformar nossa visão perante a vida,nos tornamos mais capazes,confiantes e fortalecemos cada vêz mais nossa fé em Deus e em nós mesmas.
Não falo de perdas e nem derrotas,porque elas são vistas como impulso para queles que lutam.
Parabéns pela força e que Deus continue lhe cobrindo de benção,querida.
Beijossss.

danila.. disse...

Oi Simone ,simplesmente lindas palavras realmente as vezes ocorrem milagres na nossas vidas ,que marcam pelo simples fato de podemos estar aqui p ver ...um dia me peguei obsevando coisas q p muitos são sem valor mas p uma grande parte de pessoas como nós temos um pouco de sentimentos: milagre e ver um sorriso de criança,um flor desabrochar, sentir o vento poder ouvir um pequeno passaro cantar e principalmente ter pessoas q são importantes p compartilhar ...que Deus ilumine vc sempre e saiba q vc simplesmente por existir e ajudar muitas mulheres como eu com suas palavras e um MILAGRE de vida de perseverança e principalmente de caridade ...bejosssss

Simone Mendonça Diniz disse...

Olá meninas, obrigada. Agmar, pessoa sensível, escritora de mão cheia, sempre com uma palavra de incentivo. Danila, ah que bom que compartilhamos desta mesma visão!!!
Justamente, cada uma de nós sabe bem onde a vida pode ser tocada, melhorada, e coisas simples como essas mencionadas são sim verdadeiros milagres e devem fazer parte de nossa vida, de nossa percepção.
O que tem me encantado ultimamente tem relação com transformações nas pessoas, ânimo novo, fresco, corações abertos para mudanças, e como toda essa energia é convertida para o bem desta pessoa e das que a cercam.
Agradeço mesmo a Deus, não só pelas conquistas que tenho alcançado, e são muitas, mas também por todas as que tenho visto, tenho sabido, cabe a cada um de nós a decisão de vibrar positivo e arregalar os olhos para todas as bençãos que caem sobre nós diariamente.
Um grande abraço, e é um prazer ter sua participação neste espaço. Valeu!

Anônimo disse...

Oi Simone, gostei muito em conhecer seu blog,especialmente a página "pequenos milagres", me emocionei.
Nesse momento sinto-me mais confiante e revigorada. Estava precisando ler mensagens como estas.
Você Simone, é uma amiga de pouco tempo,mas muito estimada pelo meu coração.
Querida menina e amiga acolhedora, Deus te abençõe.

Vera

Anônimo disse...

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