segunda-feira, 8 de março de 2010

Um sopro de memória



Março chegou, finalmente, mês do meu aniversário.

Desde a infância, eu, no meu egocentrismo infantil, acreditava que o mês de Março era meu, assim como as árvores salgueiro- chorão. Não sei o porquê, mas acreditava que todas as árvores chorão tinham sido plantadas no meu caminho, apenas pra que eu pudesse apreciá-las, já que eram minhas favoritas.


Assim, celebrando Março, me pego pensando no desejo que farei ao soprar as velinhas este ano.
Meus pedidos reais, de importância, são reservados para minhas orações, minha conversa junto a Deus e aos anjos, a quem recorro diariamente em busca de apoio.
Agora as velinhas do bolo permitem outro tipo de pedido, aqueles que na infância eram votos de ganhar um aumento na mesada, uma bicicleta nova, agora num ímpeto de poder absoluto, desejo que as rugas não se destaquem, que adiem sua chegada em mais um ano, desejo ganhar uma viagem em alguma promoção, sem custo e com acompanhante! Desejo então que o destino seja o mais magnífico dos lugares, e que não chova.


Seguindo em minha loucura momentânea desejo no mesmo sopro inalar a vitalidade de meus dez anos de idade, tempo em que andava saltitando, na ponta dos pés e cansaço era palavra de adulto.
Mas sem nenhum esforço tenho na ponta da língua o maior de todos os meus desejos: quero um cartão de memória.


Não, não se trata de um cartão normal, desses que se compra em qualquer lugar.
Preciso de um cartão, um memory card, com capacidade ilimitada, vários zilhões de bytes livres para arquivar todas as imagens mentais que registro com minha câmera mental, melhor que qualquer câmera digital disponível no mercado, porque posso dispor dela a qualquer momento, sem precisar de baterias, sem ajuste de lente ou flash.
Minha câmera já me proporcionou milhares de imagens únicas, incríveis, de momentos marcantes, a maior parte deles imagens de um cotidiano que me presenteia com sorrisos, abraços, beijos, família, filhos, amigos, viagens, pôr do sol, céu, cores infinitas e formas variadas.

O cartão que desejo possui inteligência artificial e é totalmente programado para apagar imagens desagradáveis, além disso, seu uso se estende para arquivar conhecimento adquirido, datas importantes, diálogos, nomes de pessoas, finais de filmes, senhas de banco, telefones, entre outras funções.


Pedido realizado.

Ao soprar das velinhas ganharei meu cartão e com ele a possibilidade de jamais me esquecer de todas as maravilhas que se apresentam diante dos meus olhos a cada dia.


Ainda aproveitando minhas velinhas...desejo que você ganhe um cartão igual ao meu!


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2 comentários:

Cyssa Mello disse...

Março também é meu mês e acho que temos os mesmos desejos, principalmente o do cartão de memoria hehe mais tenho um desejo a mais, não engordar além do que já engordei...( a idade é cruel)rss.
Parabéns! bjs

Simone mendonça Diniz disse...

Olá queridas leitoras, no mês de Março a revista Materlife publicou este texto em minha coluna mensal, porém por uma falha de diagramação, o finalzinho do texto ficou com mais duas linhas, pertencentes ao texto de Fevereiro, problema técnico.
Aqui o texto está na íntegra.
Espero que curtam.
Um abração!