segunda-feira, 17 de maio de 2010

Amuletos e Outras Histórias


Estou elaborando um livro que fala sobre o resgate de tradições, de costumes e hábitos familiares que passam de geração em geração sem nos darmos conta, e que infelizmente outras vezes se perdem por simples descuido nosso, que atribuímos a nossas vidas corridas, a desculpa por não fazermos nosso papel na transmissão do conhecimento e da experiência aos nossos sucessores.
Não é tão difícil assim lembrar-se de uma comidinha especial que sua avó, ou tia, ou madrinha preparava, não é mesmo? Aquele bolo, aquele doce, aquela torta que nunca ninguém mais fez igual.
E a história que contavam? E as brincadeiras que faziam? Será que você está repassando aos seus filhos algum desses ensinamentos?
Pensando nisso refleti sobre velhos hábitos, coisas como pedir a benção. Pouca gente usa hoje em dia, mas era algo comum e respeitoso.
Um simples chá com biscoito a tarde, em casa eram bolinhos de chuva, tudo aquilo que um dia fez sentido em sua vida, precisa ser passado adiante, para que tenha a chance de ser vivido por outras gerações, que buscarão suas próprias lembranças no cotidiano enlouquecido atual.
Assim, me lembrei de nossas antigas avós, em um dia desses, de frio, deste outono que já flerta com um inverno mal-humorado.
Baixou em mim a falta de ânimo, aquele mal físico que faz doer o corpo, e enferruja o humor.
Enquanto encarava o guarda-roupa na espera que algo pulasse de lá, direto para o meu corpo, vislumbrei o que me era familiar, e óbvio, reconfortante. Um xale.
O xale que no passado fazia parte da vestimenta feminina, fez soar a minha campainha em busca de algo.
O passado, a proteção, o cuidado. Os xales tricotados por mãos habilidosas que cuidavam de tudo, que davam conta, que multiplicavam-se em seu zelo encontrando linhas e fios de pensamentos em suas horas vagas.
Tomei pra mim um xale, como um talismã.
Meu amuleto de sorte me proporcionou um abraço reconfortante, seria para mim uma proteção, contra os males, contra o frio, contra qualquer outra coisa que teimasse cruzar meu caminho que não para me fazer o bem.
Tomada pelo abraço de várias gerações que ali se fizeram presente, no calor da lã, na mente, e no coração, saí de casa restaurada, certa de que somos realmente eternos, se assim o desejarmos ser.
Um abraço desses para você! Boa semana.
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Um comentário:

Simone Mendonça disse...

Si, Realmente vc escreve como se estivesse tecendo uma fina renda com fios de seda... delicada e sensível como sempre!!!
Amiga, me senti abraçada e acalentada hoje com suas palavras e sinta-se coberta por meu afeto e admiração! um grande beijo