sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A baliza do vizinho


Pode reparar. Qualquer dia desses, a partir de hoje, se é que ainda não o tenha feito, preste atenção quando vir um motorista fazendo baliza para estacionar em uma vaga apertada, em meio a este trânsito louco.
Por mais que as pessoas reclamem da correria, sempre há tempo pra dar aquela paradinha e ver se o tal motorista será capaz ou não de se encaixar na vaga.
Se estiverem em par ou trio então, os espectadores do ato comentarão das habilidades ou falta delas, e lá está o pobre condutor suando em suas manobras, indo e vindo até finalmente entrar no espaço destinado, ou pior, desistir, dando vazão às risadinhas da platéia.

Sempre existiram as mexeriqueiras de plantão, as repórteres da gazeta da vizinhança, sempre dispostas a dar um furo e criar uma manchete nova.
A profissão de fofoqueiro se consagrou inclusive nas rádios e programas de televisão, onde os mesmos ganham dinheiro e fama futricando a vida dos famosos. Revistas especializadas fazem fortunas criticando vestimentas, sendo os olhos dos leitores em eventos e até mesmo num dia banal da vida de uma espécie sem privacidade, os artistas.
Mas sejamos realistas, só existe a categoria por existir o consumidor.

Há pouco mais de uma década surgiram também os reality shows, programas que pareciam ter vida curta, de acordo com especialistas, a cada ano ajustam suas formas e atraem mais e mais telespectadores sedentos pela observação do outro.
Nada de errado assistir a vida alheia, desde que não seja como o ditado prevê, que o macaco senta no rabo e ri do rabo do outro.

Assim se dá boa parte de nossa vivência em sociedade.
Vamos manobrando a vida, enfrentando nossas balizas, garagens, semáforos e ladeiras, sujeitos a avaliação de passantes.
Aqueles que caçoam, inadvertidamente, em breve terão oportunidade de realizar sua própria manobra, sujeitos também a dificuldades de percurso.
Fato é que só se aprende na repetição, na persistência, na observação, na correção do erro, seja para dirigir uma bicicleta, um carro ou a própria vida.
E voltando a vaga, faça baliza, raspe os pneus, pare de bico, suba na guia, afinal, estacionar é pra pouco tempo, o importante mesmo é se mover.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010


A barriga cresce
Crescem os sonhos,
Um pulo no futuro,
Um filho.
Continuidade de duas histórias
História única, filho do mundo.

A barriga cresce
Crescem os medos
Um pulo no futuro
O filho
Medo das drogas, da violência
Filho único, medo do mundo.

A barriga cresce
Cresce a esperança
Que haja um futuro
Para mais um filho
Companhia para o outro
Mais um filho no mundo

A barriga cresce
E com ela a certeza
Que o nosso futuro
A Deus pertence
Que venham os filhos
Alegrar nosso mundo.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Não tenho tempo!


Tempo
Como administrá-lo? Aceitá-lo? Controlá-lo?
O tempo passa, sempre passa.
Passará mais lentamente pra quem espera.
Uma resposta, uma carta, um resultado, um filho.
Voará quando nos divertimos
Uma festa, tarde de domingo, uma dança, um feriado.
O relógio objeto de controle, maquiavélico tictacteia a noite toda de insônia, marcando lentos segundos de tentativas frustradas de um sono bom.
Salta aos pulos quando o prazo limite chega próximo ao fim, enlouquecendo os atrasados, encharcando suas veias de adrenalina, tão vital quanto letal.
Tempo escasso pra amar, pra namorar, pra curtir.
Tempo imenso desperdiçado em longas horas no trânsito engarrafado.
Tempo bom os dez minutos a mais na cama a cada manhã.
Tempo de dar um tempo
No romance que acabou.
No trabalho que se esgotou.
No computador que travou.
Pausa.
Tempo de se dar tempo
Pra renovar o amor
Resgatar amizades
Retocar a maquiagem e seguir com o dia.
Haja tempo pra tudo.
Cinco minutinhos pra abrir o e-mail de piada durante ao expediente, roubando o tempo do trabalho.
Tempo pra checar aquele e-mail de trabalho durante o jantar, roubando tempo de nossa vida pessoal.
Tempo de o poeta escrever para o leitor que nem tem tempo de ler.
Áudio livros que tomarão a mente dos que se encontram presos nos carros, distraídos em meio à narrativa, deixarão de lado seus xingamentos e pragas aos rivais de trânsito.
Tempo de comida pronta, rápida, insossa, gorda, que alimenta, mas não satisfaz.
Quem tem tempo pra passatempos?
Inventarei um novo termo, um “catatempo”, um “guarda-tempo” que nos multiplique o minuto investido, nos devolvendo em dobro.
Encontro aqui um tempo, pra pensar sobre coisas tantas e espero, da mesmo forma, você tenha tido tempo de lê-las.
Bom catatempo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O Sorriso da lua


Parada no semáforo, voltando pra casa após um dia de trabalho e uma noite de excursão em busca de itens faltantes para o lar.
Novo lar.
Mudar de casa foi para mim um desafio.
Nunca havia me mudado. Sai da casa dos meus pais com as malas de roupas e pertences, para iniciar minha vida de casada num apartamento bom o bastante para abrigar um casal cheio de vida, de amor e sonhos.
Treze anos depois já éramos quinze sob o mesmo teto, nós dois, mais um casal de filhos, duas cachorrinhas, dois jabotis, quatro Calopsitas, três Agapornis, sem contar nossos lindos peixes de nosso aquário marinho.
Mudamo-nos para uma nova casa.
Entre caixas e bagunça, carregamos um sorriso nos lábios, limpamos o novo espaço, desfizemo-nos de coisinhas sem sentido, aquilo que guardamos apenas por falta de tempo de decisão. Organizamos nossos cômodos, espalhando um pouco de nós a cada dia, a cada momento em cada pedaço deste novo lar.
Exaustos, percebemos que a batalha, apesar de boa, é árdua e parece não ter fim, mas o sorriso permaneceu ali, e no rosto dos amigos, que nos visitam tão felizes por nossa conquista, como nós mesmos.
Rotina ajustada, roupas nos cabides, uma nova cortina aqui ali, um vaso de planta, um tapete, vamos todos nos acomodando sob este novo teto, que é o antigo de outros, agora ganhando novas cores, usos, abrigando novos projetos porém o mesmo amor lá do início.
Eu no semáforo.
Olhando o vermelho que me impede de ir, busco o verde do meu pisca-pisca acenando que pretendo virar à esquerda, penúltima curva antes de chegar a casa. A luz amarelada da rua me indica um lugar pra olhar. No céu, a lua sorri pra mim.
Sorria para todos que a enxergassem, sorriso do gato da Alice no país das maravilhas.
Não sei se mingua ou cresce, não entendo de lua, mas ela me encheu. Lua cheia de graça, sorte minha que a vi.
Sorri de volta, e a saudei a distância ao fechar o portão, enquanto lá de dentro já pude ouvir o barulho da família – “Mamãe chegou!” em gritinhos e latidos.
- “Boa noite lua”.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010


Um tapinha não dói?

Que a vida passa rápido, ninguém duvida, mas o que nem sempre nos damos conta é que tudo aquilo que fazemos diariamente, em nossa medíocre rotina, passa a ser um padrão de comportamento, a ser, muito provavelmente, adotado por nossos filhos, assim como nós herdamos parte de nossa forma de viver, simplesmente pela observação da repetição de nossos pais.
Escovar os dentes antes ou depois do café da manhã, cada casa com seu ritual. Tomar banho pela manhã ou à noite, dormir de pijamas ou de roupa de baixo. Falar bom dia, beijar no boa noite, rezar antes das refeições, beber água direto da garrafa da geladeira, dormir no sofá da sala, pedir a benção.
Hábitos. Certos ou errados? Hábitos.
Nas menores coisas, nós pais temos que estar atentos. Qualquer deslize não será perdoado em nossas cobranças futuras, afinal nós somos os chamados “responsáveis”.
Costumo dizer que erraremos, é fato, mas se estivermos alertas a tudo como se vigiados por câmeras ocultas, faremos sempre de forma mais zelosa, cuidadosa, e provavelmente erraremos menos.
A era do – Não, porque não! Praticamente acabou. Hoje temos argumentado com nossas crianças, o que os tornam mais críticos, nos torna mais democráticos, mas certamente nos dá mais trabalho.
Dizer a um filho “não pode”, e ao ser questionado do porque, respondermos – “Porque não”, “porque eu não quero”, é hoje tão brutal quanto uma palmada. Lembra a hierarquia familiar dos que mandam e dos que obedecem. Remete a ditadura.
Porém, nem sempre há justificativa na ponta da língua. Nem sempre estamos dispostos a argumentar, gastar saliva com conversa boba. Então leia-se “ Porque eu mando e pronto” como quem diz “não quero mais perder tempo com isso”.
Assim também é a palmada.
Hoje em vias de ser proibida, como recurso educacional, a temida palmada agora será crime.
Se estamos no caminho certo ou errado, o tempo dirá. Certo é que palmadas não fizeram os moleques danados da minha família deixarem de ser peraltas, do contrário, teriam apanhado uma única vez na vida.
Fato é que várias pessoas como eu nunca precisaram levar uns tapas.
Verdadeiro é que muitas crianças estão sendo espancadas até a morte, casos escabrosos que surgem nos noticiários de TV a cada semana.
Se a lei da palmada vai ajudar com que as famílias repensem seus hábitos, refaçam seus laços, organizem seus limites através do diálogo, não sabemos. Mas certo é que terá sido válida se puder poupar a vida de uma única criança.
A lei tornará cúmplice aquele que não tomar conhecimento e não denunciar. Vizinhos, ditos “enxeridos” estarão salvando a vida de crianças incapazes de defesa.
E nós pais, avós, professores, educadores, babás teremos que saber que nossa tarefa é sim tão séria, difícil, trabalhosa, quanto prazerosa. O ônus de educar, estar atentos ao certo e ao errado, aos limites, a liberdade controlada pelo bom senso.
Lições de respeito que começam com as palavras mágicas: Por favor, e obrigado.
Lições de autocontrole, de rotina, de conversas, de cuidados e atenção, tarefas diárias, que construirão relacionamentos firmes, estáveis, seguros, de confiança e amor.
Que venha a lei, que venham as mudanças e que estejamos todos no caminho certo.

domingo, 8 de agosto de 2010

Dia dos Pais

Dia dos Pais, dia festivo na maioria das famílias, dia de saudade em tantas outras e paira no ar de alguns lares uma sombra, que não tem nome certo, angústia, tristeza, frustação, culpa, decepção, daqueles que ainda não puderam festejar este dia como tão esperado.

Hoje é dia de celebrar.Cumprimente este homem que será um dia pai, e diga, ou escreva, que quando chegar a hora, ele será por certo um pai daqueles! Pai presente, companheiro, amigo, protetor, assim como já o é, enquanto marido.Não deixem que a mágoa da perda atormente suas mentes hoje.

Celebrem os pais vivos, avós, tios, padrinhos, celebrem a oportunidade de mais um almoço em família, de mais um Domingo, porque a vida é breve.Um grande abraço aos pais, os que já são, os pais novos, e os que serão, no tempo certo.
Bom Domingo.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Mamãe também escreve!!!


Minha mãe é um pessoa incrível, além das palavras, sorte a minha.
Além disso ela também escreve.
Coloquei aqui um de seus textos, direcionado a amigas, mas válido para todos.




Juliana, Andrea e Lucia,

Às vezes penso que todos nós somos neste mundo, caminheiros. Sim, igual aqueles peregrinos que caminham para chegar a Santiago de Compostela.
Nossa meta é a mais longa, porém, temos somente o ponto de partida, não o de chegada.
Não sabemos quando e onde chegaremos ao final da jornada, apenas seguimos caminhando, dia a dia.
Nesta estrada vamos fazendo companheiros, que caminham conosco. Nossos pais, nossos avós, maridos, esposas, filhos, netos, irmãos, tios, primos, sobrinhos, compadres, afilhados, médicos, enfermeiras, professores, vizinhos, amigos, em uma grande romaria de pessoas que passam por nós, vão mais a frente, ao lado e outros logo atrás, uns se perdem na distância, e conforme caminhamos outros vão surgindo.
Às vezes a paisagem fica tão bonita e fazemos uma pausa, num verdadeiro oásis, é quando acontecem os encontros, casamentos, festas, natais, nascimentos, aniversários, viagens, alegrias compartilhadas.
Mas a caminhada tem que continuar, então, deixamos pra trás esses momentos e seguimos.
De vez em quando a paisagem muda, fica árida, triste e seca. O céu se carrega de cinza, vem a dor e o cansaço, o desânimo, as lágrimas.
Paramos, não queremos mais seguir.
Então aparecem ao nosso lado todos os nossos companheiros de andança, que com palavras carinhosas e mãos estendidas, nos animam a levantar daquela pedra, em que nos sentamos, derrotados e nos fazem andar novamente, seguir a caminhada, nos fazendo ver que logo ali, na frente, tudo vai mudar. O céu voltará a ser azul, o sol brilhará sobre as flores que encontraremos no caminho.
Ouviremos o cantar dos pássaros, com certeza, um bem te vi bem vindo.
Ouviremos as gargalhadas das crianças que nos rodeiam, veremos os sorrisos dos amigos e sentiremos novamente a felicidade em caminhar com toda essa gente que Deus colocou em nosso redor.


Então, vamos lá meninas, é logo ali...


Um abraço.

Nilvia Victorino Mendonça


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Bebê anjo


Então...
A gente pisa em porcelana chinesa, pra não magoar quem a gente gosta, e às vezes magoa sem saber.
Não dá pra tocar adiante, fingindo que nada aconteceu, falar sobre banalidades quando alguém próximo está com a vida revirada, foi atropelado pelo bonde do acaso, pelo trem da tragédia, e a gente achando que colocando um band-aid colorido e comprando um sorvete tudo vai passar.
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Nesta segunda nasceu um bebezinho que de imediato já voltou aos braços de Deus.
Chamado anjinho, por sua beleza prematura, chamado anjo pela enorme presença que teve na vida dos que o cercaram, tocando de forma definitiva sua família.
Famílias, originalmente duas, de pai e mãe, mas finalmente várias, de amigos, se uniram em prece por este bebê, e foram tocadas por sua vida breve.
Semanas de vida bastaram para que Enzo conhecesse o que muitas pessoas nem chegam a desfrutar. O amor.
Incondicional amor de pais, que o desejaram, que pediram por ele, que fizeram seus planos, que o amaram desde o início e o amarão por toda a vida.
Amor de familiares, que pediram por sua vida, por sua saúde, inconformados tiveram que assimilar que nem tudo é como a gente quer, mas que tudo acontece como tem que ser.
Enzo tocou casas e corações.
Fez com que cada um de nós olhasse pra dentro de si, buscando respostas, fez com que cada um olhasse para o lado buscando consolo. Fez com que buscássemos o novo, rasgássemos receitas prontas de respostas vazias, e acima de tudo aceitássemos que não há um porque em tudo, mas há uma para que em quase tudo.
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Obrigada Senhor por este bebê, agora e sempre anjo.
Força Juliana e Ricardo, porque foram escolhidos para serem pais, e este é um aprendizado pra toda a vida, amar incondicionalmente, aceitar incondicionalmente e suportar o que a vida nos apresentar.
Um beijinho Enzo, volte logo.

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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Minha amiga Polvo



Eu tenho uma amiga polvo.
Não é famosa como o animal que previu
Os resultados dos jogos da copa.
Mas minha amiga, ser cefalópode,
possui inúmeros braços, mas não tantos quantos seus talentos.
Braços capazes de cuidar de tudo e todos ao mesmo tempo.
Chamei-a de polvo pela primeira vez
Quando a vi dirigir, falar ao telefone e maquiar a filha que levava para uma apresentação de balé. Perdoado o telefonema, pois ensinava o caminho aos familiares desavisados, ou estes perderiam o espetáculo.
Alcança na bolsa grampos, enrola o coque em meio ao gel que aplica na cabeça da bailarina mirim. Retoca seu próprio batom, estacionando o carro, carregará bolsas, fantasia e filhos, acenará a uma conhecida e entregando os convites ao porteiro, abraça a filha já na porta dos camarins. Bela, estará em segundos refeita, ajeitando as madeixas, em pleno salto, chegará inteira ao teatro.
Mulher polvo deu conta de tudo mais uma vez.
Eu, orgulhosa, assisto admirada sua maestria de movimentos.
Descubro nesta definição da pessoa o porquê de sua flexibilidade, seu ajuste, sua habilidade de se moldar a vida.
Polvos não possuem esqueleto interno ou externo, o que lhes permite os ajustes ao meio. Além disso, é sabido de sua incrível habilidade de camuflagem, recurso de auto preservação.
Com visão binocular, minha amiga polvo enxerga mais do que o que se vê.
Vai além, vê a fundo o que se passa.
Quando ameaçada, usa o recurso de autotomia, como fazem as lagartixas, a fim de fugir de seus inimigos, larga braços para trás, escapando dos predadores de sua infindável amabilidade.
Refaz-se e em breve, pronta para novos abraços se faz forte.
Um abraço pra você querida amiga polvo.
Quisera eu fosse de oito braços, pra que você se sentisse hoje acalentada em seu momento de colo, mas caiba nesses que te amam e se juntam em prece pra que você se sinta bem, muito em breve.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Rios, mares, lagos e saliva


Passamos nossos primeiros meses de vida na água.
Envoltos na bolsa amniótica, estamos protegidos pelo líquido vital, que abundante nos permitiu crescer em temperatura agradável e constante, livres de abalos, de tudo o que nos pudesse ser desconfortável.
Rompe-se a bolsa, rompe-se um primeiro laço, abrimo-nos para o ar, sofrida respiração que nos faz chorar, no susto, sabemos agora sobreviver a seco.
Seco toque.
Em meio a ruídos claros, descobrimos um mundo novo de sensações, que por toda a vida serão fundamentais para fazer de nós quem somos.
A água agora nos mata a sede. Esta que representa setenta por cento de nosso corpo, similar ao nosso planeta, brota da terra, vem do céu, enche copos, escorre de nossos corpos, em suor e choro.
Choram os morros, lavam de lama casas e vilas, água rebelde não tem por onde escapar.
Choram mães, mulheres e homens por águas que rins não conseguem filtrar.
Água retida que engorda a moça.
Água brinquedo de menino em forma de poça.
Água benta, cura dos males.
Água salina, salobra, salgada dos mares.
Rios, lagos, riachos e saliva.
Água da boca.
A mesma que ajuda a digerir, fluidifica o que se come, enlaça o beijo, junta os amantes, separa em uma cusparada os inimigos.
Água do batismo, purificação do espírito.
Água de cheiro.
Fria, gelo. Quente, vapor. Água, simplesmente água.
Água que banha, lava o corpo, remove o cansaço, liberta.
Águas quentes, Caldas Novas, Goiás, que saudade deste lugar.
Encontrei em suas águas mais que o repouso. Encontrei a volta ao lugar de origem, ao calor e proteção da bolsa original.
Cuidada, me deixei lavar e levar, regada a amor, retorno refeita.
Respiro o ar, que agora já não me faz sofrer, sonhando com meu breve retorno ao seu ventre.
Obrigada, mãe água.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O Relacionamento e o Ovo


Que não é simples manter um relacionamento, isso todo mundo já sabe. Há também quem diga que não sabe nem fritar um ovo. Cuidado.
Ovos e relacionamentos amorosos são parecidos.
A fome está lá, e seu ingrediente não poderia ser mais simples: um ovo.
Como prepará-lo?
Podemos cozinhar nossa preciosidade, em água, um recipiente ao fogo, nada demais. Mas qual a temperatura? Por quanto tempo? Se o coloco em água fervente, se racha, deixando esvair por sua casca sua clara já branca, tornando-se aguado e mal cozido. Erro na precipitação, perco meu bem precioso.
Deixá-lo em água fria, fogo baixo, aguardando pela fervura, temendo por novas rachaduras o retiro ao menor sinal de calor extremo. Descubro um ovo ainda cru, inconsistente, imaturo. Não era o desejado.
Penso em torná-lo gemada. Farei pouco por ele, desperdiçando o que julgo impróprio, ficarei apenas com a gema, que será batida com açúcar, para que ganhe algum gosto. Temo pela salmonela na gema crua, aborto a idéia.
Opto por um simples ovo frito.
Simples? Aqueço o óleo, não pouco pra não permitir que se misture ao ovo, não muito, para que não espirre longe, me causando queimaduras.
Despejado o ovo sobre a chapa quente, preciso zelar por ele. Preciso neste instante decidir o que quero, qual minha vontade, o que é o melhor pra mim. Se hesito, na busca por um ovo mole, deixo passar o tempo e terei que me contentar com um ovo esturricado. Gema dura, seca, bordas douradas, ou já enegrecidas ao ponto irreparável. Se era meu gosto, ótimo, engulo do jeito que dá, tomo cuidado para não engasgar com tamanha secura.
Mas se o desejado era um ovinho mole, de gema líquida, pra ser chuchada por um pãozinho amanhecido, perdi a mão.
Relacionamentos são assim, às vezes passam do ponto. Cabe aos interessados o cuidado, ou então a decisão de matar a fome com o que restou de sua experiência.
Por isso mesmo recomendo um bom omelete.
Aquele do qual nada se espera. Sim porque omeletes são ótima opção pra fazer com o que se tem a mão. Se este é o único ovo, aumenta-se com água. Tem um pouco de queijo, um restinho de frios, um tempero qualquer? Um omelete está pronto. Além do que, na pior das hipóteses, se você percebe que não tomará forma, este ainda pode virar ovos mexidos.
Mexa-se, portanto em seu relacionamento, decida-se, cuide, não ferva, não esfrie, não deixe passar do ponto, acrescente ingredientes disponíveis, e de vez um quando uma boa mexida faz milagres!
Bom apetite.
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terça-feira, 22 de junho de 2010

New look!

Nada como mudar o visual!
Uma maquiagem, um corte de cabelo, roupas novas, ou mesmo um novo perfume podem transformar um dia, uma noite, uma vida.
Renovado o visual do blog, renovada a vontade de trocar idéias.
Participem, e me digam se gostaram.
Boa semana amigas!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Amuletos e Outras Histórias


Estou elaborando um livro que fala sobre o resgate de tradições, de costumes e hábitos familiares que passam de geração em geração sem nos darmos conta, e que infelizmente outras vezes se perdem por simples descuido nosso, que atribuímos a nossas vidas corridas, a desculpa por não fazermos nosso papel na transmissão do conhecimento e da experiência aos nossos sucessores.
Não é tão difícil assim lembrar-se de uma comidinha especial que sua avó, ou tia, ou madrinha preparava, não é mesmo? Aquele bolo, aquele doce, aquela torta que nunca ninguém mais fez igual.
E a história que contavam? E as brincadeiras que faziam? Será que você está repassando aos seus filhos algum desses ensinamentos?
Pensando nisso refleti sobre velhos hábitos, coisas como pedir a benção. Pouca gente usa hoje em dia, mas era algo comum e respeitoso.
Um simples chá com biscoito a tarde, em casa eram bolinhos de chuva, tudo aquilo que um dia fez sentido em sua vida, precisa ser passado adiante, para que tenha a chance de ser vivido por outras gerações, que buscarão suas próprias lembranças no cotidiano enlouquecido atual.
Assim, me lembrei de nossas antigas avós, em um dia desses, de frio, deste outono que já flerta com um inverno mal-humorado.
Baixou em mim a falta de ânimo, aquele mal físico que faz doer o corpo, e enferruja o humor.
Enquanto encarava o guarda-roupa na espera que algo pulasse de lá, direto para o meu corpo, vislumbrei o que me era familiar, e óbvio, reconfortante. Um xale.
O xale que no passado fazia parte da vestimenta feminina, fez soar a minha campainha em busca de algo.
O passado, a proteção, o cuidado. Os xales tricotados por mãos habilidosas que cuidavam de tudo, que davam conta, que multiplicavam-se em seu zelo encontrando linhas e fios de pensamentos em suas horas vagas.
Tomei pra mim um xale, como um talismã.
Meu amuleto de sorte me proporcionou um abraço reconfortante, seria para mim uma proteção, contra os males, contra o frio, contra qualquer outra coisa que teimasse cruzar meu caminho que não para me fazer o bem.
Tomada pelo abraço de várias gerações que ali se fizeram presente, no calor da lã, na mente, e no coração, saí de casa restaurada, certa de que somos realmente eternos, se assim o desejarmos ser.
Um abraço desses para você! Boa semana.
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quinta-feira, 29 de abril de 2010

A Voz da Solidão



Falando as paredes não ouço nada.
Ergo a voz e na solidão do espaço vago pareço escutar algo.
Elevo minha voz, e percebo que a outra se eleva.
Reconheço-me nela, fala minha língua, sente minha dor.
Grito, ela me responde o grito da mesma busca, a busca por alguém que a compreenda.
Berro e peço que se cale, já não suporto ouvir sua agonia solitária. Ela ordena que eu me cale.
Acho que ela também não tolera saber que estou tão só.
Obedeço.
Cala-se o eco, me calo.
Nada ouvem as paredes.


Ninguém está livre de se sentir só.
Inevitavelmente a tristeza bate a nossa porta e entra, mesmo sem permissão.
O que não podemos é convidá-la a sentar, a ficar, não podemos ser cordiais com a tristeza para que esta visitante indesejada não se instale em nossas vidas, fazendo seus os nossos aposentos, sugando nossa energia, alimentando-se de nossa luz, de nossa criatividade e do que chamo de “força vital”.

A depressão é reconhecidamente uma doença, palavra pesada, ou no mínimo um desarranjo químico, uma disfunção tratável, de origem sabe-se em parte genética, com estopins variados. O que sabemos mesmo sobre a depressão, além de sua ação devastadora sobre o ser humano, sobre a auto-estima e as relações pessoas é que ninguém merece conviver com ela, ninguém escolhe viver com ela, mas ninguém pode negar a sua existência.

Já a tristeza, aquela angústia, aquela sombra que paira sobre nós em algum momento, um dia ou outro, essa podemos tentar compreender. Humanos que somos, estamos sujeitos a ela. Seja pelo que nos acontece, ou pelo que acontece com os que nos cercam, os que amamos. A tristeza, o luto, a perda devem ser cuidados, compreendidos e sanados, apoiados sempre pelo tal ditado que diz : Nada como um dia após o outro.

Triste sozinho? Triste acompanhado? Faça sua escolha, mas não hesite em mudar de idéia.
Amanhã tudo ficará melhor. Acredite, lute, melhore.
Até amanhã.
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quinta-feira, 1 de abril de 2010


Originária de uma mistura de sabe lá o que com mais alguma coisa,
As chamadas escovas inteligentes mudam de nome a cada estação.

Escapei da escova japonesa, a primeira, difundida em larga escala a partir do uso pela apresentadora Fátima Bernardes que por pouco não teve que se afastar do trabalho por impossibilidade de tirar as madeixas do rosto enquanto apresentava o telejornal.

Em pouco tempo o nome ajustado para escova progressiva, veio cheio de promessas por um cabelo mais liso. Aplicado o produto, profissionais e clientes choravam em meio ao vapor produzido no contato com o secador de cabelos. Nós clientes, olhos vermelhos e cabeleira lisa, saíamos sorridentes do salão, fugindo de todo e qualquer contato com água pelos próximos 3 dias, nada de tiaras, grampos, ou colocar atrás da orelha.
Lambisgóias lisas e meio sujinhas.

Apelidadas por algumas de escova agressiva, a técnica evoluiu um pouquinho, assim como os profissionais se aperfeiçoaram na tática de realizá-la ao ar livre, máscaras no rosto, toalhas úmidas para a cliente e a promessa de que a meleca do pote não é nem radioativa e nem ácido corrosivo. O resto deixamo-nos passar, ainda que seja titica de galinha, se a jura for de brilho e maciez estamos dentro.

Agora busco um novo tipo de escova para meu cabelo, a Escova Compreensiva.
Uma técnica que entenda que meu cabelo reflete o meu humor, ou vice-versa.
A escova compreensiva deixará meus cabelos fáceis de manusear, domados, flexíveis, macios, cheirosos, brilhantes, suaves ao toque e ajeitados logo pela manhã, independente se o dia estiver seco ou úmido, se eu estiver de TPM ou se for Segunda-feira.


Sua vantagem vai além, só precisa ser feita anualmente e não requer nenhum xampu especial, ou creme de tratamento importado, não se desgasta no mar, nem sofre com o cloro.

Ah, escova compreensiva... seja também escova persuasiva...e me convença de que a moda dos cachos voltou...!


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Feliz Páscoa!!!


Páscoa.
Ressurreição de Cristo;
Renascimento da fé;
Retomada do rumo.


Páscoa.
Tempo de revigorar-se;
Pelo cacau energizante;
Pela oração reconfortante;
Pelo amor


Páscoa.
Tempo de quebrar a casca;
De sair do ovo;
Tempo de se expor
E desfrutar da vida plena.


Páscoa
Feliz a minha;
Feliz a sua;
Feliz a nossa Páscoa!


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terça-feira, 30 de março de 2010

Ahh que voz!!!


Existem coisas na vida da gente que palavras não expressam o suficiente, e olha que adoro as palavras!
No último Sábado, dia 27, meu aniversário, tive o imenso prazer de receber meus amigos e familiares para uma celebração íntima, mas, muito charmosa.
O sucesso da noite se deu pela presença de todos, pela comida, pela conversa, mas não há dúvidas de que o ponto alto na festa foi a presença e o talento de uma cantora de excepcional qualidade, então aproveito deste meu espaço para convida-los a conhecer um pouco do trabalho dela:
www.nanne.com.br
Talentosíssima, linda e muito simpática. Cativa a todos com sua voz, excepcional, com a sua presença e repertório variado.
Valeu Nanne, adorei!


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BIG BOAZINHA BRASIL


Ah se eu estivesse no Big Brother Brasil...
Eu seria eu mesma, seria muito comunicativa, e me daria super bem com todos, homens e mulheres.
Jamais formaria panelinhas, pois isso me impediria de conviver com as diferenças, e o que eu mais desejo é aprender com o próximo, com as experiências do outro, trocar idéias e conceitos, expandir conhecimento e me tornar uma pessoa melhor.
Se eu estivesse no BBB, nunca colocaria o dedo no nariz, não que eu coloque na vida aqui fora, mas lá, não sei o que acontece com as pessoas, que do nada adquirem manies estranhas como essa. Eu não, meus hábitos de higiene seriam mantidos e jamais olharia para o cotonete usado, checando a cor da cera.
Ah como eu seria útil no BBB, me ofereceria para cozinhar, para lavar os pratos, faria a cama dos meus amigos, já que há tanto tempo ocioso, por que não? Cuidaria da roupa da galera, de boa vontade.
Se eu estivesse no Big Brother Brasil, usaria a academia todos os dias, ficaria sarada, para quando saísse, fosse inevitável o convite de uma revista masculina, para a qual eu nunca imaginei posar.
Tomaria sol, todas as manhãs para manter o bronzeado e parecer sempre bem para receber elogios do Bial.
Se eu fosse para o BBB, seria a última a sair das festas, e apesar de curtir muito, jamais me excederia na bebida, pra não perder o juízo.
Daria o melhor de mim em todas as provas, especialmente as de resistência, tenho certeza que superaria a todos, tamanha minha garra diante das dificuldades.
Ah se eu estivesse no confessionário, jamais apontaria os defeitos dos outros participantes, me limitaria a votar em alguém que seria por mim sorteado, para que não cometesse nenhuma injustiça de julgamento.
E se eu fosse para o paredão?
Jamais me queixaria por terem votado em mim, e pra ser sincera acho que passaria ilesa, sem nunca ir a um único paredão, por que quem teria coragem de votar em mim?
Mas digamos que eu fosse, vai, pelo BIG FONE, que só atenderia caso ninguém mais quisesse, EU não ficaria pulando e chorando em frente a telona da sala, gritando – MINHA MÃE, MEU PAI, OLHA, GENTE MINHA TIA VEIO, NOSSA!!!!! , manteria a calma, sentada no sofá diria: - “Olha gente, aquela é a minha família – Valeu galera! U-hu!”
Ah, entrando no BBB eu faria história, porque gente não é por nada não, mas eu sou muuuuito legal e fácil, fácil, ganharia o prêmio, que usaria para ações beneficentes, dividindo o saldo entre todos os participantes, para ser o mais justa possível, né?

Será?


Brincadeiras a parte, algumas lições nos dão um simples reality show.
A de que ninguém é melhor que ninguém.
De que na vida não existem mocinhos e vilões, somos fruto de circunstâncias, de nosso ambiente, daqueles que nos cercam, da educação, das experiências, do stress.
Que todos nós temos facetas a esconder, somos passíveis de erros, temos um calcanhar de Aquiles, uma fraqueza que pode ser usada contra nós ou sem que percebam, a nosso favor.
O resumo é que o diferente incomoda.
Que a gente prefere os iguais, por mais que os diferentes possam nos atrair, ficamos mais confortáveis no nosso sapato se este é do nosso número.
Ah se a gente se imaginasse num BBB, cercados de câmeras e microfones, vigiaríamos mais o que dizemos. Trabalharíamos mais por nós e pelos outros, daríamos nosso melhor. Será?
Faça um teste, imagine-se neste e confira.
Faça de você uma cobaia desta experiência, vigiando seus atos, seus pensamentos e julgando sua atuação.
Tomara que escape de um paredão!


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Relembrando...


Há alguns meses escrevi sobre a pausa para um café " Que tal um cafezinho?" lembram? Na época fiquei de postar aqui um texto que me lembrava ter lido, que era bastante interessante.

Desconheço o autor, coisas do mundo virtual, pode até ser que seja estrangeiro.

Segue abaixo, espero que gostem.


Um professor diante da sua turma de filosofia, sem dizer uma palavra, pegou um vaso grande e vazio de vidro e começou a enchê-lo com bolas de golfe.
A seguir perguntou aos estudantes se o frasco estava cheio.
Todos estiveram de acordo em dizer que 'sim'.
O professor tomou então algumas caixas de fósforos e as despejou no vaso. Os fósforos preencheram os espaços vazios entre as bolas de golfe.
O professor voltou a perguntar aos alunos se o vaso estava cheio, e eles voltaram a responder que 'Sim'.
Logo, o professor pegou um saco de areia e a despejou dentro do vaso. Obviamente que a areia encheu todos os espacos vazios e o professor questionou novamente se o vaso estava cheio.
Os alunos responderam-lhe com um 'Agora Sim' retumbante.
O professor em seguida adicionou duas xícaras de café ao conteúdo do vaso e preencheu todos os espacos vazios entre a areia.
Os estudantes riram-se nesta ocasião.
Quando os risos terminaram, o professor comentou:
- Quero que percebam que este frasco é a vida. As bolas de golfe são as coisas importantes, a família, os filhos, a saúde, a alegria, os amigos.
- Os fósforos são outras coisas importantes, como a carreira, o trabalho, nossa casa, o carro.
- A areia é tudo o resto, as pequenas coisas, nossas roupas, sapatos,nossos mimos, coleções, todas as coisinhas das quais gostamos.
- Se primeiro colocamos a areia no frasco, não haverá espaço para os fósforos, nem para as bolas de golfe. O mesmo ocorre com a vida.
Se gastamos todo o nosso tempo e energia nas coisas pequenas, nunca teremos lugar para as coisas que realmente são importantes.
- Prestem atenção as coisas que realmente importam. Estabeleçam as suas prioridades, e o resto é só areia.
Um dos estudantes levantou a mão e perguntou: Então professor, e o que representa o café?
O professor sorriu e disse:
- Ainda bem que perguntou! Isso é só para mostrar que por mais ocupada que a vida possa parecer, há sempre espaço para um café com um amigo'.


Nunca me esqueço disso e faço regra pra minha vida. Boa semana, amigos!


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quarta-feira, 17 de março de 2010

A visita mais desejada


Dada alta da maternidade, mamãe pode ir pra casa, levando seu bebê.
Recolhe-se enfeite da porta, mala, o resto de lembrancinhas que alguém esqueceu de entregar, flores e cartões recebidos, a passos curtos bebê nos braços inicia-se a maratona de uma nova vida, foto da saída, registro de um momento tão único quanto saudoso.


Mamãe em casa, família ansiosa, visitas sem fim, falatório, cansaço, pontos de cesárea, dor.
O retorno ao lar não é assim nenhum mar de rosas, certo que também não é o fim do mundo, mas mamãe, não se iluda, nem toda a alegria da chegada de seu bebê a impedem de sentir a chamada angústia pós-parto.


Não me refiro a um quadro clínico estabelecido, a depressão pós-parto tem características próprias, sintomas a serem observados e tratamento adequado para que a vida possa seguir o rumo natural de adequação ao novo, sem sobrecarga.
O que pretendo esclarecer é o quadro que muitas vezes se instala no lar nos primeiros dias após a saída da maternidade.
Por mais que a mamãe tenha ajuda nesses primeiros dias esta pode não ser a melhor fase de sua vida, contra tudo o que ela esperava que fosse.
O corpo não responde tão bem, a barriga ainda volumosa precisa ser contida em cintas que mais parecem artefatos de tortura, os seios agora cheios apresentam suas novidades, mamilos rachados, e a temida mastite podem ser parte do pesadelo, apesar de não serem regra, podem acontecer.


Só mesmo pior que o desconforto físico é o emocional, nem mesmo o companheiro consegue compreender o que se passa.
Fase de medos, de conselhos por vezes não solicitados, umbigo pra cuidar, será que mamou suficiente? Arrotou? Põe na berço? Dorme no quarto?
O medo da incompetência, medo de sufocar, morte súbita. Fantasmas que rondam a mente materna, que presa a um corpo que ainda requer cuidados, não pode mesmo abraçar o mundo.


- Quero voltar pra maternidade! Por que me deram alta? Quem pediu pra sair? Porque me sinto assim? Por que tenho vontade de chorar se a vida está perfeita?
Pra que tantos palpites? Como viver sem eles? Canjica pro leite, dica pro soluço, dá chupeta, não dá chupeta, visitas que insistem em tomar mais que um cafezinho...

Desde que se tenha leite, desde que o mamilo não esteja desgastado, desde que se tenha paz, há aquele momento da mamada, pausa no universo de conflitos para o contato mamãe e bebê.
O enlace traz de volta o sentimento de paz, e o vínculo que existia antes permanece intacto. Alívio. Deus é bom.
- Meu bebê. Como cabe tanto amor dentro do meu ser?

Aos poucos a serenidade toma seu lugar e passados os primeiros dias, chegará a mais esperada das visitas: a confiança. Esta amiga trará de presente a certeza de que você mamãe, dará conta de tudo e será, pra este bebezinho, a melhor mãe do mundo.



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segunda-feira, 8 de março de 2010

Um sopro de memória



Março chegou, finalmente, mês do meu aniversário.

Desde a infância, eu, no meu egocentrismo infantil, acreditava que o mês de Março era meu, assim como as árvores salgueiro- chorão. Não sei o porquê, mas acreditava que todas as árvores chorão tinham sido plantadas no meu caminho, apenas pra que eu pudesse apreciá-las, já que eram minhas favoritas.


Assim, celebrando Março, me pego pensando no desejo que farei ao soprar as velinhas este ano.
Meus pedidos reais, de importância, são reservados para minhas orações, minha conversa junto a Deus e aos anjos, a quem recorro diariamente em busca de apoio.
Agora as velinhas do bolo permitem outro tipo de pedido, aqueles que na infância eram votos de ganhar um aumento na mesada, uma bicicleta nova, agora num ímpeto de poder absoluto, desejo que as rugas não se destaquem, que adiem sua chegada em mais um ano, desejo ganhar uma viagem em alguma promoção, sem custo e com acompanhante! Desejo então que o destino seja o mais magnífico dos lugares, e que não chova.


Seguindo em minha loucura momentânea desejo no mesmo sopro inalar a vitalidade de meus dez anos de idade, tempo em que andava saltitando, na ponta dos pés e cansaço era palavra de adulto.
Mas sem nenhum esforço tenho na ponta da língua o maior de todos os meus desejos: quero um cartão de memória.


Não, não se trata de um cartão normal, desses que se compra em qualquer lugar.
Preciso de um cartão, um memory card, com capacidade ilimitada, vários zilhões de bytes livres para arquivar todas as imagens mentais que registro com minha câmera mental, melhor que qualquer câmera digital disponível no mercado, porque posso dispor dela a qualquer momento, sem precisar de baterias, sem ajuste de lente ou flash.
Minha câmera já me proporcionou milhares de imagens únicas, incríveis, de momentos marcantes, a maior parte deles imagens de um cotidiano que me presenteia com sorrisos, abraços, beijos, família, filhos, amigos, viagens, pôr do sol, céu, cores infinitas e formas variadas.

O cartão que desejo possui inteligência artificial e é totalmente programado para apagar imagens desagradáveis, além disso, seu uso se estende para arquivar conhecimento adquirido, datas importantes, diálogos, nomes de pessoas, finais de filmes, senhas de banco, telefones, entre outras funções.


Pedido realizado.

Ao soprar das velinhas ganharei meu cartão e com ele a possibilidade de jamais me esquecer de todas as maravilhas que se apresentam diante dos meus olhos a cada dia.


Ainda aproveitando minhas velinhas...desejo que você ganhe um cartão igual ao meu!


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domingo, 7 de março de 2010

8 de Março - Nosso dia!


E Deus criou a mulher
E com ela nasceu a culpa.
Por sucumbir à tentação,
Iludida pela serpente
Cometeu o pecado que a tirou do Paraíso.

Nascemos mulheres, complexas e completas.
Completamente frágeis em sua força absurda.
Viramos leoas nas horas de luta,
Somos porcelana nas dores de amor.

Na busca infinita pela perfeição
Geramos, cuidamos, amamentamos,
Criamos, ensinamos, sofremos, choramos,
Erramos.
E lá vem a culpa, idéia fixa de que poderíamos
Ter feito melhor, nos doado mais,Acertado.

Que ser é esse que se desdobra, de multiplica e se divide
Em uma mitose infinita?
Mulher acredite tua força é maior que tua dúvida,
Mãe, filha, irmã, amiga, faça-se bela hoje,
Enfeite-se e aceite os cumprimentos
Pelo dia dedicado a sua maravilhosa condição
De ser Imperfeita, porém amada, Mulher.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Olha a Carroça!!!



Segue texto de autoria desconhecida, não gosto de não postar o nome do autor, portanto se alguém conhecer o autor, favor me informar para dar o devido crédito.


Certa manhã, meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer. Ele se deteve numa clareira e depois de umpequeno silêncio me perguntou:

- Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?

Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:

- Estou ouvindo um barulho de carroça.
- Isso mesmo, disse meu pai, é uma carroça vazia …
Perguntei ao meu pai:Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
- Ora, respondeu meu pai. É muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça maior é o barulho que faz.

Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa: falando demais, gritando (no sentido de intimidar), tratando o próximo com grossura inoportuna, prepotência, interrompendo a conversa de todos e querendo demonstrar que é a dona da razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo:
- “Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz…”

Bom né? então da próxima vez que alguém perder a linha perto de você, não se exalte, lembre-se da carroça, e sorria.
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Qual é a diferença da vida com ou sem animais de estimação?

Falarei a princípio de cães e gatos.

Se tenho bichinho tenho:

Apego emocional, um animalzinho ganha nome, cama e afagos.
Trabalho, bichinhos comem, sujam, fazem xixi, coco, estragam coisas.
Companhia, alguém que me recebe quando chego em casa, tão ansioso pela minha presença que me faz sentir especial, que senta pertinho de mim em busca de meu calor humano e não me pede nada em troca.
Olhos bondosos que falam, que sabem quando estou bem ou quando preciso de uma gracinha pra dar um sorriso.
Fotos, muuuuitas fotos de momentos engraçados, de poses estranhas, sonecas, momentos únicos.
Responsabilidade, de cuidar de um ser que depende de mim, que precisa do básico, água, comida, teto, zelo, banho, mas também carinho.
Amigo incondicional, que gosta de mim do jeito que sou, que não critica minhas manias, que não me recrimina pelos meus erros, que lutará por mim com unhas e dentes, enquanto viver.

Se não tenho bichinho, não tenho:
Nenhuma
das coisas acima citadas...
que pena.


Falando sério.

Respeito muito a liberdade do indivíduo, suas preferências, seu jeito de ser, até suas manias, que o tornam único neste mundão.
Mas não posso deixar de me lamentar pelos que optam por não ter um animal de estimação.
Respeito as fobias, mas para isso existem os psicólogos, para tratá-las, afinal, não há nada neste mundo que justifique o medo irracional por um cãozinho, ou um gato. Não me refiro a nenhum pitbull, um cãozinho vira-lata, franzino, miúdo, não poderá ser causador de tanto medo. Vá buscar ajuda!


Agora digamos que você não goste de cães, ou gatos, como eu não gosto de ouvir Funk, ou comer dobradinha. Gosto é gosto, não se discute.
Será que haveria espaço na sua vida pra uma calopsita?
Ta você não gosta de pássaros presos, gaiolas te lembram prisão. As calopsitas são meigas, vivem soltas se forem acostumadas, andam sem seu ombro, podem ficar em sua mesa de trabalho. São uma graça, já viu? Experimente. As danadinhas ainda assoviam, brincam com seus apetrechos, sobem e descem escadinhas, são divertidas e alegres.


Que tal tomar conta do animalzinho de seu amigo da próxima vez que ele for viajar.

Ofereça-se para tal e descubra uma vocação antes desconhecida, a de doação. Doe minutos do seu dia em prol de um animalzinho e veja como ele te retorna com afeto.
Até as tartarugas, tenho duas, e sempre ouvi que são bicho bobo, que nada fazem além de viver cem anos. Digo que não é verdade, são curiosas, xeretam nas coisas, as minhas adoram tomar banho, com direito a xampu e escovadela nas patinhas, depois um trato no casco, só vendo, esticam a cabecinha pra fora e me deixam afagá-las. Não há quem resista.


Lá em casa somos em 10, sendo quatro seres humanos, 2 cachorrinhas, 2 tartarugas e 2 calopsitas, além de vários peixes num lindo aquário marinho.
Trabalho?
Definitivamente animais de estimação dão trabalho...feito filho, e nem por isso deixamos de querer ter filhos.

Um abração, me contem sobre seus bichinhos!!!