segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Hoje Não!!!



Tudo o que eu jamais esperava era acordar um dia para ter este encontro.
Logo pela manhã! Se ao menos eu tivesse tido algum aviso. Uma boa maquiagem e um salto alto poderiam ter me ajudado a superar este imprevisto tão desagradável.
Eu, de cara lavada, tomada pela surpresa, pálida e atônita. Ele ali no meio dos outros, totalmente à vontade, saliente, em destaque, como previsível.

Não foi assim que imaginei este dia.
Pensei que quando o encontrasse, seria na minha melhor forma, tanto física quanto emocional. Minha superioridade e meu pouco caso o colocariam em seu devido lugar.

Ao invés disso, me peguei pensando o que diriam todos a partir de hoje, ao vê-lo por ali, escancarando sua presença, enquanto eu, por mais que tentasse ignorá-lo, tinha sofrido um baque, e qualquer ação na intenção de omitir sua presença só reforçaria o fato de que eu me importava com sua existência. Pobre de mim.

- Vulnerável! Fraca! - Pensava, enquanto fechava rapidamente a porta atrás de mim.
Joguei água fria no rosto, tentando me recobrar do susto, enquanto repetia em voz alta palavras de encorajamento.
- Linda! Poderosa! Você pode tudo! Você é mais que isso! Não se deixe abater!

Vasculhando a nécessaire em busca de apoio moral, esponjo o rosto com um pouco de blush, afastando a palidez, trazendo cor às bochechas. Nos lábios uma gota de brilho, e nos olhos uma pincelada sobre as pálpebras deixando os cílios longos e encorpados.
Conferi o resultado. Rejuvenescida em alguns anos, aprovei o frescor que a maquiagem me trouxe. Respiro fundo.
Pronta para encará-lo, determinada puxei-o do meio dos outros, tive cuidado de isolá-lo.
Dei uma última boa olhada nele, analítica e fria. Ainda o veria outras vezes, o futuro me reservaria este desprazer. Certo, ele haveria de voltar a me atormentar. Mas não hoje, definitivamente hoje não!
Com um giro e um movimento rápido, o abati.
Agora, preso aos meus dedos, olhei-o com desprezo. Impotente, jazia morto.
Joguei na pia o maldito fio de cabelo branco.
Cínica, sorri enquanto ele deslizava ralo abaixo.
Ajeitei as madeixas, minha vasta, longa e negra cabeleira.

Numa última olhada para o espelho, aprovei o que vi. Soprei-me um beijo, pronta agora pra qualquer desafio que o dia me apresentasse.

.

Dezembro, Desejos e Aromas do fim do ano


Dezembro era esperado pelas crianças como o melhor de todos os tempos, a fase mágica de início de férias, aliado ao verão e claro, a chegada do Natal.
Na infância de outros tempos, não tão longe assim, os presentes eram limitados a duas datas no ano. Garantidos no aniversário e no Natal, nossos pacotes guardavam surpresas, ao menos em casa era assim. Nada de listas, nada de compras antecipadas, afinal, um dos maiores prazeres era imaginar o que o Papai Noel nos reservaria para aquele ano.


Mas Dezembro sempre foi mais que isso. Enfeitar a árvore de natal, desembrulhar uma a uma as bolas que surpreendentemente se quebravam sozinhas dentro das caixas.

E o cheiro?
Pinheirinhos naturais sempre deixam um aroma diferente na casa, juntam-se a isso os aromas da véspera, comidas natalinas esperadas, preparadas ao longo da semana.
Em casa o prato principal sempre foi o pernil e o mais esperado as rabanadas. Não se faz pernil fora desta época em casa. Rabanada então, simples pão amanhecido de todo dia, porém comido como manda a tradição apenas no dia mais festivo do ano.

Tempo de comprar presentes, fazer cartões, e o amigo secreto? Trânsito maluco, lojas cheias, mas no final o pacotinho entregue representa sua dedicação em fazer saber que aquela pessoa querida vale o sacrifício.


Dezembro, Natal, luzes, enfeites, comidas, cartões, sorrisos, encontros, tempo de celebrar o amor, as conquistas, a saúde, família, amigos. Tempo de perdoar, agradecer e renovar os votos de felicidade a todos que amamos.

Que seu Dezembro seja o presente do ano, o melhor mês, o final que é começo, o início de novo tempo, que de fim seja apenas para as dúvidas e incertezas, 2010 será ainda melhor.



*

Feliz Dezembro, ainda volto antes do Natal...

*

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Cotidiano Feminino



Ela entrou em casa voando, como fazia quando estava mais apressada do que o habitual.
Enquanto passava pela sala recolheu os brinquedos do filho, espalhados pelo tapete. Ajeitou as almofadas enquanto num sopro tirou o pó da estante.
Em meio segundo estava na cozinha, lavando os copos deixados sobre a pia, enquanto ágil, colocava água pra ferver, na intenção de preparar algo rápido para o jantar.
Já no quarto, num clique ligou o computador, para verificar os e-mails, enquanto recolhia a toalha deixada pelo marido, encima da cama. Resmungou, enquanto arremessava a toalha que alcançou perfeitamente o cesto de roupas, no banheiro.
Passou feito um raio pelo quarto da filha, e viu sobre a escrivaninha a calça jeans que precisava ter a barra feita, voltou, fez a barra enquanto abria a porta dos fundos e alimentava o cãozinho da família. Totó era o único que parecia reconhecer seus esforços. Lavou, enxugou e encheu a vasilha de ração do pequeno Beagle que ainda conseguiu ganhar uns afagos, antes de ver sua dona arremessar-se sobre a tábua de passar, empilhando uma sobre outra as peças de roupa de toda a família.
Como uma crupiê distribuindo cartas numa mesa de cassino, descarta as pequenas pilhas formadas sobre as camas, na esperança de que cada um guardasse as suas, ainda que soubesse que se arrependeria mais tarde, preferia acreditar que assim o fariam.
Ouviu o zumbido da chaleira avisando da fervura da água, por sorte tinha já cortado todos os legumes enquanto apagava sua caixa de SPAM lotada de ofertas de inutilidades e mensagens de origem duvidosa.
Checou a embalagem do espaguete. A massa ficaria pronta em cinco minutos. Preparou o timer para despertar. Tinha tempo suficiente pra terminar pequenas tarefas pendentes.
Colocou a roupa suja na máquina de lavar, e ali mesmo na lavanderia se equipou do arsenal, pano, rodo e limpador instantâneo líquido, o mais prático do mercado, pois não podia perder tempo diluindo produtos. Passou cuidadosamente por toda a casa, levantando os móveis, zelando pelos cantos e frestas, nada ficou pra trás.
Tirou a roupa e no banho planejou sua noite, ainda faria as unhas antes da chegada da família. Talvez não, melhor seria fazer uma sobremesa.
Vestida, penteada, passou um brilho nos lábios enquanto recolhia seu disfarce do chão.
Nunca mais se preocuparia em lavá-lo às escondidas. Fora usado hoje pela última vez. Agora o colocava em um saco de lixo. Não seria nostálgica. Não haveria arrependimento.
O timer do fogão soou enquanto ela abria a garrafa de vinho, as travessas foram devidamente preenchidas, salada decorada, massa fumegante, casa cheirosa, faltava um detalhe...
A família entra pela sala a tempo de sentir uma brisa vinda da janela da cozinha, a mãe colocava uma flor fresca, recém colhida, decorando a mesa posta para o jantar.
- Perfeito! – Disse em voz alta!
Correu até a pia e soprou sobre a gelatina ainda líquida, deixando-a pronta na geladeira. O sopro ainda garantiu a secagem final do esmalte, que brilhou nas unhas perfeitamente manicuradas.
Enquanto todos lavavam as mãos, checou a correspondência pelo marido, e abriu um pacote remetido a ela.
Apanhou rapidamente o pingente de Kriptonita, comprado clandestinamente pela internet.
Liberta, pendurou-o no pescoço. Vida nova!
De agora em diante seria apenas uma mulher comum. Ainda assim, como tantas outras, ainda seria uma Super-Mulher.
.
. Boa semana super mulheres!
.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Experimente!


A infância passa tão rápido..., injusta proporção. Uma década de tantas alegrias e vida descompromissada, para tantas outras de vida adulta, cheia de responsabilidades.
Permita-se. Por hoje seja criança, um pouquinho por dia, que tal?
Dê-se de presente aquele brinquedo desejado, nem que seja pra fingir que é do sobrinho que esqueceu em sua casa.

Sente-se no chão com outras crianças e jogue uma boa partida de um daqueles jogos de tabuleiro. Solte pipa. Brinque de massinha. Faça moldes de gesso. Ainda sabe andar de bicicleta, mas lembra-se como rodar um bambolê? Pular corda? Bater bafo?
Não dá conta? Duvido.

A sua criança está aí... dentro de você. Doidinha pra se lambuzar nesta farra!
Aproveite!

Feliz Hoje e Feliz Dia das Crianças!
.
Foto: Andrea Amaral - www.ideia-dea.com.br
.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Paraíso


Onde fica o Paraíso?
Há quem diga que o paraíso é o reino dos céus, um lugar perfeito, lindo, para onde todos nós iremos desfrutar da vida eterna.
Não sou São Tomé, não preciso ver para crer, acredito em várias coisas, entre elas na possibilidade da vida eterna, ainda que ela possa ser um pouco diferente desta imagem de um clube de campo com estadia permanente, mas nada disso vem ao caso.

Paraíso pra mim é estar em plena harmonia.
Nosso paraíso pode ser nossa própria casa, desde que esta seja refúgio, aconchego para todos que nela habitam para que seja este um lugar de paz.
Conheci alguns outros lugares que poderiam ser chamados de paraísos na Terra, e sei que deve existir ao menos uma centena deles, onde a presença de Deus é sentida na paisagem, na pintura perfeita da criação divina. Lugares que pretendo conhecer e outros que por mais otimista que eu seja não me permito crer que alcance, mas me contento em ver através dos filmes desses canais de TV voltados para a natureza e o meio ambiente.

Neste fim de semana conheci Campos do Jordão.
Cidadezinha denominada estância climática, reconhecida por seu ar puro e por ter sido benéfica a tantos que buscaram recuperação para seus problemas pulmonares, Campos do Jordão para mim terá sempre um significado particular, um lugar onde desfrutei de horas e horas de completa e total entrega a alegria.
O clima de romance agraciado pela beleza natural da região, passeios de mãos dadas, cascatas e vegetação úmida pela garoa da manhã, fachos de luz do sol por entre as árvores altas. As noites, que apesar de não tão frias, foram desfrutadas a luz da lareira.
A companhia de amigos, a conversa à mesa, a música de qualidade e refeições deliciosas em meio a risos.
Pisei na grama, abracei árvore, agradeci a Deus, tomei chuva e sol, experimentei novos pratos, viajei físico e mente, por lugares conhecidos, desconhecidos e saudosos.
Reviver o romance, reavivar a chama, revitalizar o corpo e encher os olhos e a mente de tudo o que há de mais perfeito na vida.
Se o Paraíso na Terra é Campos do Jordão? Pode ser que sim, ou que não, pode ser mais um, mas certamente visitei o meu Paraíso.

Coração repleto, corpo cansado e satisfeito, mente livre, inicio esta semana com a mais absoluta de todas as certezas. Depende de nós encontrarmos nosso paraíso. Ainda que ele esteja ali ao lado, na sala de estar tendo toda a família atarracada no sofá da sala, dividindo o cobertor e a pipoca, seja no quintal num dia de sol, brincando com água, escorregando no sabão. Seja viajando, ou fazendo um piquenique, fazendo um bolo no sábado à tarde, ou almoçando a beira mar. O que faz de nossa vida o inferno ou o céu, são nossas escolhas.


Eu escolhi meu amor, meus amigos, escolhi ser feliz com tudo o que me foi destinado, porque mesmo aquilo que não escolhi, me faz ser quem sou.

Obrigada Senhor por este fim de semana precioso, que seja este um dos muitos e muitos que ainda desfrutarei, seguindo minhas escolhas e sua benção.
Amém!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Pra que serve um feriado?


Ah como é bom, um feriado qualquer, um dia de folga da correria, uma pausa na rotina.
Feriados são destacados na folhinha, estão lá, pintadinhos em vermelho, como pisca-pisca nos alertando do presente que o mês nos reserva.
Tem gente que já conta os feriados do ano, assim que um novo se inicia, já sabe das pontes, das emendas, planeja compensações e viagens, outros, distraídos como eu, são tomados da grata surpresa:
“– Sério? Feriado? Quando?”

Feriados são dias especiais.
Tem gente que lava o carro, outros vão pescar, muitos batem a laje, aproveitam pra fazer o churrasco, tradicionalmente, pagando pela ajuda dos amigos. Tem gente que faz cirurgia plástica, vai para o SPA, enquanto outros dão pausa na dieta pra aproveitar melhor a comilança.

E quando dá pra viajar então!
A ansiedade das crianças, malas, planos, atividades, quando estou muito cansada costumo dizer que o feriado é desgastante em seus preparativos e em seu retorno. A gente tem que pensar em tudo, considerar o clima e todas as hipóteses de mudança, frentes frias, chuva e sol. Leva na mala de protetor solar a cachecol, cobertas e baralho para aquele dia eventual de chuva incessante.
Mas não importa mesmo, quando chegamos ao destino tudo já começa a valer a pena, até mesmo o tempo gasto no trânsito, esta parte, confesso, é a mais traumática.

Mas não quero me esquecer de falar do feriado avulso, aquele que não permite ponte, emenda, nem choro nem vela.
Adoro esses feriados!

Acordar sem precisar sair de casa, sem compromisso de horário, e na TV aquele programa que normalmente a gente não assiste porque sai pra trabalhar.
Como é bom aquele dia de “quebrar galho” na cozinha, dia de macarrão instantâneo com salsicha, sanduíche, dia de bater um bolo, e comer pipoca assistindo a Sessão da Tarde.

Mas o que gosto mesmo de fazer nos feriados avulsos é de arrumar gavetas.
Verdade!!
Sabe aquelas gavetas aonde vamos juntando um milhão de coisas que deixamos ali adiando providências?


Adoro me sentar e rever, encontro tanta coisa inútil que guardei pelo simples fato de não querer perder 3 segundos pra ler e descartar.
Acho graça em encontrar moedas perdidas. Digo que se ficarem duas em uma gaveta ou fundo de bolsa, elas se multiplicam. Aprendi a baboseira com meu avô, e passo adiante para os meus filhos. Pois não é verdade? Sempre que limpo as gavetas lá estão elas, várias moedas, que trato logo de dar destino útil.


Gavetas escondem segredos, comprovantes de despesas que nem mesmo queremos admitir termos feito, aqueles papeizinhos amarelos, recibos do cartão de crédito ameaçando se juntarem e somarem suas dívidas antes mesmo da fatura chegar... ah faturas... Por vezes as gavetas escondem uma ou outra conta que a gente acaba se esquecendo de pagar. Gavetinha danada!

Encontro brincos perdidos, aquele último “Trident” dobradinho na embalagem, o documento original que precisa ser guardado, uma ou outra foto, o papelzinho do sapateiro, uma cartela com dois comprimidos que deixei de tomar.

As horas passam e eu ali, como um paleontólogo, que busca tesouros encrustados, fósseis e novas espécies já extintas, busco entender um pouco mais de mim, a cada escavação de minhas gavetas.
Encontro um santinho que ganhei de uma amiga, a medalhinha que ganhei de outra, amuletos de sorte, pedrinhas que recolhi em algum lugar por onde passei. Ao mesmo tempo que encontro coisas absolutamente incompreensíveis, como uma tampinha de uma pomada, que deve estar aberta em algum lugar do passado.


Revirar gavetas, bolsas e armários é um desafio aos alérgicos.
Uma atitude de autoflagelação que quase sempre acaba com espirros e nariz entupido. Mas na medida em que os sacos de lixo vão se enchendo, esvazio espaços, criando o vácuo, espaço novo pra coisas novas que virão.

Costuma ser assim, alivio-me do peso do acúmulo, liberto-me da culpa pela bagunça, solto no ar milhares de ácaros, e termino o feriado tomando um antialérgico, fungando e tossindo, mas satisfeita pela missão cumprida.

E que venha o próximo! Bom Feriado!

domingo, 16 de agosto de 2009

O Bom Conselho




Faz parte do inconsciente coletivo a imagem dos avós como entes conselheiros, pessoas de maior vivência, de mais experiência que podem diante disso colocar-nos no melhor caminho, frente a dúvidas que nos cercam.
Fato, nem todos têm a sorte de contar com os avós vivos e nem todos os avós são preparados para aconselhar.
Mas como regra, seus conselhos sempre são de valia, uma vez que estes não querem o nosso mal, pelo contrário, só desejam nos ver em ótimos lençóis, ainda que estes cheirem a mofo, tão antiquado o conselho possa parecer.


Mas um conselho deve ser dado quando se sabe exatamente do que se trata o caso.
Conselhos são suposições, certo, tem sua serventia como um bom bate papo para abstração de idéias prontas, dando abertura para novas.
Nem sempre precisamos estar na pele do outro para entendermos o que se passa. A minha vivência pode servir de apoio para o que vou te aconselhar, mas às vezes a vivência de uma amiga é mais válida ainda. Assim é o aconselhamento.
Colhemos dados, processamos, buscamos parâmetros de acertos e passamos adiante o modelo do que acreditamos ser a melhor alternativa, a trajetória mais assertiva na busca de uma conquista.

Diz o ditado que se conselho fosse bom não se daria, venderia.
Em um mundinho individualista como o nosso tem se apresentado, é bem real.
Não no meu. Dou conselhos e recebo-os de coração aberto.
Porém, antes de dar e receber conselhos, eu agora aconselho que se tenha na mente um filtro, um recurso que te permita pré-análise do que se pretende com o conselho.
É porque nem toda baboseira que se ouve pode ser levada a sério.
Nunca dê um conselho que possa por alguém pra baixo.
NUNCA!
Ainda que acredite piamente naquilo, ainda que se ache certo, jamais abra sua boca pra arrasar algo ou alguém. Pare. Pense. E se fosse você? E se tudo o que o outro for fazer daqui por diante tenha a ver com seu conselho? Está pronto para assumir a responsabilidade ou mesmo a IRRESPONSABILIDADE de definir o próximo passo desta pessoa?

Nivele-se na igualdade, coloque-se no lugar, na situação, encare de frente e sugira sim o que você faria diferente, a curto e longo prazo, mas (lá vou eu aconselhando novamente...) jamais diga “Você está fazendo tudo errado!”.
Sua frase, infectada de crítica e pessimismo incapacita o outro a enxergar algo de bom, torna-o incompetente prévio.

Se não puder aconselhar, adie. Diga: “Vou pensar melhor sobre isso, refletir”, o que já é um conselho disfarçado para que o outro entenda que ele mesmo precisa rever os fatos antes de se precipitar nas ações. Mas não seja omisso, jamais. A omissão é cruel.
Às vezes, quem pede um conselho, pede na verdade um ouvido amigo. Só isso. Alguém que ouça, mas ouça mesmo, que antes de ir dando seu parecer, escute a fundo o que aflige aquele coração. Para cada problema há ao menos uma saída.

Posso dar mais um conselho? Seja ouvido, antes de ser boca.
E antes de se tornar boca...., chupe uma balinha doce.

Um abraço! Boa semana!



segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Pais e Pais



Conheço bem o universo feminino. Sei de suas glórias, suas dúvidas, medos e culpas.
Hoje me colocarei nos sapatos dos pais.
Vida dura esta de servir de exemplo. Pai herói.
Tanto medo de não corresponder às expectativas, tanta responsabilidade sobre ombros por vezes tão jovens que mal sustentam seu próprio ser.


Um jovem pai que se esquiva do peso de se transformar em referência de alguém. Muito além de uma pensão, seu filho precisará de sua companhia, assim como os amigos baladeiros de antes. Quanto custará este filho? Quanto peso terá sua vida a partir de agora? Será que terá meios de sustentá-lo? Será que vai saber o que fazer na hora certa?
Agora não poderá mais errar, dirão os outros: - “Você não é mais um menino, já tem filho pra criar!” – Sentença definitiva de que as falhas não serão perdoadas.
Dentro da cabeça todas as dúvidas possíveis, no coração a aflição, a dúvida entre ficar ou fugir, cair neste mundão de Deus, deixando pra trás tudo e todos. “O que os olhos não vêm o coração não sente”. Não sentirá nada por este bebê que nascer, afinal, nem estava planejado.
O coração falseia, a mente divaga sobre a possibilidade de ficar. Encara de perto a vida nova que se apresenta. Um bebezinho, seu filho, menino, a cara do pai. – “Poderia ensiná-lo a fazer pipas, seria ainda melhor que eu.

E se for menina? “Vai ser uma princesa. Vai ganhar uma boneca, a mais linda que o meu dinheiro puder comprar”.

Ele se vê carregando nos braços aquele bebê.

Não pôde se conter. Correu como louco, atravessou as ruas mal olhando para os lados, entrou na maternidade tão desesperado quanto firme. Levado pelos corredores viu pela primeira vez através do vidro, aquela criatura pequena, tão viva, tão real, tão dependente de alguém.
Pousou a mão sobre o vidro, quando a enfermeira trouxe aquele corpinho, embrulhado na manta. Os olhos então fechados se abriram um pouquinho, como que para espiar o pai, figura que seria tão importante em sua vida.
– “Meu filho.” – sussurrou.
E o único choro que se ouviu não veio do berçário, e sim do corredor, do pai que acabara de nascer.

Em outro universo também homem, também aflito, temeroso por tudo o que estava por vir, mas muito mais ainda por algo que talvez jamais chegasse.



Seria esta a quinta ou sexta vez? Não importa. Havia decidido parar de contar, assim como pedira à esposa que o fizesse.
A cada mês, incessante sequência de frustradas tentativas de uma gravidez que tardava em chegar.
Cada período fértil, inicialmente celebrado com promessas e encontros animados, estimulados pela euforia do calor carnal, era seguido de dias de ansiedade sem fim, culminando com a chegada do temido sangue, a prova de que não fora desta vez, a comprovação da incompetência absoluta, tão impiedosa quanto forte.
A menstruação era uma ameaça constante, trazendo com ela os sonhos, matando aos poucos a vitalidade do casal.
Ali tão perto a mulher de sua vida, já tão sofrida, desgastada por tantas cobranças, as suas próprias, as que a sociedade impõe. “E quando é que vem o bebezinho?” perguntam as tias, talvez inconscientes de que sua pergunta causava uma apunhalada no peito, fazendo-a sangrar por dentro.

Tudo o que mais desejava era ser mãe.
O marido já nem sabia se sobraria amor desta relação caso o bebê não viesse.

A fragilidade da vida conjugal abalada por tantos exames, tratamentos, tanta energia e dinheiro investidos no projeto de vida que até já tinha nome planejado.
A vida estabelecida, espaços definidos, condição financeira favorável. Por que é que não estava acontecendo? Quando teria a chance de pegar seu bebê no colo e cantar baixinho uma canção de ninar só deles?

Tanta coisa por fazer, tantos planos, sonhos e projetos.
Ali, do outro lado da porta, a esposa fechada no banheiro.

Nas mãos a caixa do teste de gravidez. A bula recomendava o modo certo de usar, a forma correta já não era novidade para nenhum dos dois.
A porta de abre tão devagar que o coração parece parar.
Nas mãos dela o futuro, na boca um meio sorriso, no ventre o filho esperado.
Um abraço de longo alcance aperta o momento, tornando-o eterno.

Aconchega-se ao filho, e toca Deus, aquele que tudo pode, a quem agradece pelo milagre da vida.


Dois pais, duas histórias. Quisera eu pudesse relatar a sua, até mesmo a minha.

Obrigada meu querido pai, por sua existência tão marcante em minha vida, por sua conduta, seu exemplo de vida, por sua alegria infindável e otimismo contagiante.

Parabéns a todos os pais, em especial ao meu marido, pai ainda em fase de aprendizado, se descobrindo a cada dia mais presente e mais suave, baixando sua guarda para receber o que há de mais perfeito e simples neste mundo. O amor dos filhos.

quarta-feira, 29 de julho de 2009


Perdas

Na concepção da palavra, a perda é quase sempre ruim.
Perdemos o sono por problemas, perdemos tempo nas filas, perde-se a paciência com tanta roubalheira e impunidade, perdemos tantas oportunidades por um triz.
Uma perda positiva que me vem à mente é a perda de peso. Esta sim, desejada, buscada e muitas vezes tão difícil de se obter que o que acaba perdida é a motivação.
Outra perda que vale a pena é uma mania nova e muito interessante, uma campanha chamada: Perca um livro. A moda se originou na Europa e vem ganhando força. Eu mesma já perdi alguns, é interessante, recomendo. Deixar de propósito um livro em um lugar público, com a intenção e a mensagem escrita de que aquele que o encontre desfrute da leitura e depois o perca novamente para que outro possa repetir a saga.

Perder um objeto estimado é muito chato, quem já não perdeu um documento, uma caneta especial, o guarda-chuva, mulheres perdem a tarraxa do brinco, bebês perdem chupetas e um pé do sapatinho.
A perda gera aquele vazio. Todos nós conhecemos o que é esperar por algo que não volta.

A morte é a perda mais assustadora, a princípio. Saber que não há como ter de volta, que se foi. Mas ainda prefiro encarar a morte como uma viagem, como minha amiga Mary, que está do outro lado do planeta, na Nova Zelândia, alguém que não vejo há 18 anos, mas por quem permanece todo o meu carinho e saudade. Apenas não posso vê-la.

Deixo-me enganar por esta ilusão que me permite levar de forma mais branda o que definitivo, assim, encaro a morte como esta viagem ao lugar distante que nem toda tecnologia permite a comunicação.

Tem mãe que perde filho, e filho que perde os pais. Não gosto de comparar dores. Costumo dizer que dor de ouvido não dói mais ou menos que a dor de dente.
A pior dor é a de hoje, aquele que se sente agora.

Porém a perda que me faz hoje digitar essas idéias é a da cadela Dida.
Dida é uma vira-lata, dessas de cara boa, como costumam ser os vira-latas, com todo respeito ao Pedigree alheio, mas o traço marcante que une este grupo racial são os olhos. Olhos que no início pedem: Me leve! Com o tempo se mostram tão amigos, tão compreensivos, tão expressivos como poucas pessoas podem ser através do olhar.
Dida está na família há 10 anos, e fugiu da Petshop. Em um segundo estava ali, pra tomar um banho e ir passar o fim de semana na chácara, que ela tanto gosta, no outro estava nas ruas, tomando chuva e se arriscando por lugares onde nunca passou.

São Pedro também perdeu a noção do excesso e desde Quinta nos deu dias e noites chuvosos, aumentando nossa dificuldade em colar cartazes, distribuir panfletos e toda forma de divulgação.
Mas retomando a idéia de perda, nossa Dida, perdida, precisa ser encontrada, voltar pra casa, ser acarinhada e festejada, cuidada, alimentada, como membro da família, precisamos dela lá.

De todas as perdas possíveis, só não podemos perder jamais é a fé.
A fé é que nos leva adiante, nos permite acreditar no amanhã. A fé nos empurra da cama com tanta força quanto nos afofa o travesseiro pra uma noite de sono bem dormida.

A minha fé move montanhas, como diz o ditado, mas vai além, na impossibilidade, abre túneis, faz escalada.
Se sofro? Sim às vezes, mas me agarro na mata e subo a montanha. Elevo os pensamentos e entrego minha dor a Deus, divido com Ele, minhas aflições, minhas dúvidas, e Ele multiplica minhas forças, minha confiança, minha fé.

Não percamos a certeza de que tudo tem uma razão de ser, que lições são tiradas, e afinal, estamos aqui só pra aprender.

Perdemos a Dida e ganhamos algo novo:
A certeza que a solidariedade ainda existe.
Que há muito mais gente boa nas ruas do que a TV mostra.
Que ainda dá pra andar de carro com a janela aberta.
Que muita alma boa sai de casa a noite pra alimentar os animais de rua.
E que isso nunca se perca!


Até breve Dida!

segunda-feira, 20 de julho de 2009


Pra você hoje.

Amigo não é coisa, muito menos pra se guardar do lado esquerdo do peito, diria melhor, que amigo é anjo, pra se hospedar do lado direito do peito, ao lado do coração, atento a suas nuances, porque o verdadeiro amigo sabe quando nosso pequeno músculo palpita forte de emoção, aperta-se em agonia ou mesmo suspende temporariamente suas batidas diante dos sustos que a vida teima em nos pregar.
Amigo é mais que remédio, é vacina, prevetivamente nos fortalece, também é cura pra muitos males, mas antes de tudo é promessa de que tudo ficará bem, depois daquele abraço, mesmo dado a distância.
Amigo é luz, luz de Deus na Terra, um toque daquele que não pode se fazer presente em forma, se faz na amizade, fortalece, engrandece, partilha, multiplica.
Amigo é tudo de bom. Dá saudade e não enjôa.
Amigo tem cara de mãe, de companheiro, de criança, de filho, amigo tem voz, tem escrita, tem foto, cartão postal, amigo moderno está no msn, manda email, torpedo, e mesmo quando tudo isso falha, o amigo estará lá, em forma de oração, pra te desejar, como eu te desejo hoje, uma vida plena e um feliz dia do amigo.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Um ano depois


Um ano depois

Queridos visitantes, amigas e amigos.
Ontem vivenciei uma experiência tão satisfatória quanto inspiradora a ponto de me trazer a este espaço para dividi-la com vocês.
Há um ano, em uma festa de um aninho de Catarina, filha de uma amiga, tive a oportunidade de conhecer duas mulheres, duas histórias diferentes, somadas com a minha, éramos três,
Em um momento crucial de nossas vidas.
Citarei seus nomes porque apesar de não ter pedido permissão, em nada as comprometeria meu relato para que as chamasse por nomes fictícios.
Fomos apresentadas, inicialmente nossa amiga em comum, Fátima nos entreteve por alguns minutos, e como tópico inicial o lançamento do meu livro que se daria dali há um mês aproximadamente.
Falei por cima, sobre a Livraria Sobrado, onde se daria o evento. Estava encantada, tinha acabado de sair de lá para ver como se dava um evento noturno, e o lugar encantador ganhava um charme a mais com as luzes da noite e a música instrumental. Meus olhos brilhavam diante de mais uma etapa vencida no caminho por realizar aquele projeto que completava cinco anos. Meu livro.
Eva encontrava-se em uma fase crítica, apesar de ser uma pessoa muito forte, de alto astral, muito positiva e bem humorada, enfrentaria pela frente talvez a fase mais difícil de sua vida. Seu marido ia ser submetido a uma cirurgia para remoção de um tumor no cérebro, com todos os riscos e incertezas que envolvem uma cirurgia deste porte, onde nem os médicos podem assegurar sobre que tipo de sequelas podem se apresentar após sua realização.
Trocamos idéias sobre médicos, conduta médica, ser humano médico, sobre milagres, sobre a sorte de encontrar um médico bom realmente interessado no paciente e em suas dúvidas e aflições.
Falamos sobre família, sobre casais e de quanto na hora do aperto é importante contar com essa unidade familiar que dará suporte e ajudará na recuperação seja qual for a dificuldade.
Travamos uma conversa que percorreu caminhos diversos, mas muito animada e proveitosa, como grandes amigas que não se viam há um bom tempo, tagarelamos por horas.
A certa altura o jantar servido, senta-se ao nosso lado o terceiro vértice desse triângulo, Solange.
Enquanto continuávamos a conversa, fomos nos interando de quem era essa moça, que era casada há alguns anos e até então não tinha filhos.
Eu com os meus por ali passando, a pergunta era inevitável e Eva a fez. Perguntou se ela desejava ter filhos.
Solange queria sim, mas havia perdido um bebê e estava naquela fase em que retoma o plano, ainda incerta de qual caminho tomar, buscava entre outras coisas um médico e aí nossa conversa se intensificou.
Recomendei meu médico, falamos sobre os medos e apreensões que cercam uma gravidez após uma perda.
Finda a festa, nos despedimos, convites a serem enviados, telefones trocados, e votos de que tudo correria bem em nossas vidas, nos despedimos.


Ontem, nova festa, novo bolo para Catarina que agora completava seus dois anos de vida, hoje muito mais saltitante, mal sabia ela que ao nos convidar para sua celebração estaria nos presenteando.
Meu presente foi ver chegar o casal, Eva e esposo, saudáveis, felizes, rejuvenescidos em minha opinião, aparentando menos idade e definitivamente menos medos, preocupações e mais alegria em viver após uma muito bem sucedida intervenção médica, uma recuperação abençoada e o milagre da ausência de sequelas.
Enquanto ainda nos atualizávamos de nossas novidades, ela de suas fases e eu das conquistas alcançadas pelo livro, vimos chegar Solange, carregando nos braços seu pequeno Vitor. Vitorioso milagre trazido ao mundo através das mãos do Dr. Mauro Grynszpan, para meu deleite, que me sinto um pouquinho participante desta conquista.

Ahhh, como um ano passa e tantas coisas acontecem.
Quem dera pudéssemos sempre que preciso dar um pulinho no futuro pra ver que lá na frente tanta coisa já estará resolvida, problemas solucionados.
Pra mim ficou como lição, mas uma dessas que a vida apresenta, disfarçada na rotina de todos nós, mas evidente para quem quer enxergar que tempos melhores virão, sempre, que não problema que não tenha fim.

Hoje é Ano Novo, pra nós pertencentes ao triângulo, e com fé em Deus no ano que vem Catarina nos proporcionará nova oportunidade de crescer, no seu aniversário.
Boa semana, bom ano!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Papo de Mãe


Olá

Boas novas existem pra serem compartilhadas...


A partir do mês de Julho, terei uma coluna na revista mensal Materlife. Para quem ainda não conhece, trata-se de uma revista bem legal de interesse feminino, basicamente.

Minha estréia ainda não se deu, mas sabe como é, o meu pessoal VIP já poderá espiar meu texto de antemão, segue abaixo:


Papo de mãe

Minha filha Laura sempre teve muita dificuldade para dormir.
Suas sonecas desde bebê eram leves, daquele tipo que qualquer barulhinho acorda, e para que caísse no sono, precisei usar de muitos recursos, de cantar músicas de ninar a assistir duas ou três vezes os vídeos da Xuxa, que ela adorava. Mas assim que cresceu um pouquinho mais, com quase dois anos, adotei uma tática diferente.
Sentávamos em uma poltrona de balanço, no quarto, ela no meu colo, e eu começava a ler livrinhos de história, mostrando os desenhos, fazendo os barulhinhos e sons dos animais, assim ela ia se distraindo e relaxando e eu ia inventando detalhes, acrescentando emoção. Daí colocava-a no berço, sentada a seu lado ia aumentando as histórias até que ela pegasse finalmente no sono.
O hábito se estendeu, continuei lendo, tive meu filho, William, e sempre contando histórias antes de colocá-los para dormir.
Criei um repertório próprio de histórias, todas com certa preocupação em transmitir conceitos de ética, amizade, respeito ao próximo, mas que fossem divertidas.
Nosso padrão antes de dormir era como regra, eu leria duas histórias, cada um escolheria a sua em nossa pequena biblioteca que ganhou corpo com o passar dos poucos anos.

A seqüência poderia variar. Às vezes um deles dormia durante a leitura, às vezes os dois caiam no sono, mas na maioria das vezes, ao final da segunda estavam lá, de olhos abertos, pedindo por uma nova aventura. Então era hora da “história da cabeça”. Eu apagava as luzes, e no escuro, já deitados, acomodados, ouviriam minha narrativa, e cada dia era uma nova, e sempre tinha que repetir as antigas.
Aos seis anos minha filha me pediu que escrevesse um livro com as histórias que inventei, disse que divertiriam outras crianças. A princípio não dei crédito ao que dizia, mas ela, enfática como sempre, disse que o livro deveria chamar-se “Histórias da Cabeça da Mamãe” e que de tantas criadas eu poderia lançar uns três livros.


A importância do hábito de ler para as crianças vai muito além do desenvolvimento de seu intelecto, de seu vocabulário, de sua capacidade criativa, refere-se à construção de um vínculo tão forte que o tempo não desfaz. Um laço estreito entre aquele que apresenta um mundo infinito de possibilidades e aquele que engatinha em suas descobertas. Assim será por toda a vida, o livro, portador de emoções, cultura, experiências, companheiro, mestre e do outro lado o leitor, que ao lê-lo baixa sua guarda, abrindo-se para o novo, pré-disposto a aceitá-lo.

“Histórias da Cabeça da Mamãe”, uma coletânea de dez contos foi lançado, bem aceito e me levou a novos caminhos. Em breve lançarei “Outras histórias da Cabeça da Mamãe” com a total certeza de que minhas histórias estimularão pais, avós, tios e professores a desenvolver e manter este delicioso hábito de ler para suas crianças.


Em breve espero postar aqui o convite do lançamento do livro, que ainda está em fase de produção, mas enquanto isso, fica aqui o convite mais próximo de adquirirem a revista nas bancas a partir de Julho.

Um abração!


sexta-feira, 5 de junho de 2009

Pequenos Milagres


Sabe, me peguei pensando a respeito de algo que acredito todos nós deveríamos prestar mais atenção.

Os pequenos milagres.

E quando me sentei para começar a colocar as idéias em ordem, pensei em começar meu texto com a definição formal da palavra milagre, buscada no google. Digitei definição de milagre. Encontrei este texto do Paulo Coelho, que coloco aqui pois achei muito interessante:



PAULO COELHO

NHÁ CHICA DE BAEPENDI
O que é um milagre?
Existem definições de todos os tipos: algo que vai contra as leis da natureza, intercessões em momentos de crise profunda, coisas cientificamente impossíveis, etc.
Eu tenho minha própria definição: milagre é aquilo que enche o nosso coração de paz. Ás vezes se manifesta sob forma de uma cura, de um desejo atendido, não importa – o resultado é que, quando o milagre acontece, sentimos uma profunda reverência pela graça que Deus nos concedeu.
Há vinte e tantos anos atrás, quando eu vivia meu período hippie, minha irmã me convidou para ser padrinho de sua primeira filha. Adorei o convite, fiquei contente que ela não me pediu para que cortasse os cabelos (naquela época, chegavam até a cintura), nem me exigiu um presente caro para a afilhada (eu não teria como comprar).
A filha nasceu, o primeiro ano se passou, e o batizado não acontecia nunca. Achei que minha irmã tinha mudado de idéia, fui perguntar o que havia acontecido, e ela respondeu: “Você continua padrinho. Acontece que eu fiz uma promessa para Nhá Chica, e quero batizá-la em Baependi, porque ela me concedeu uma graça”.
Não sabia onde era Baependi, e jamais tinha escutado falar de Nhá Chica. O período hippie passou, eu me tornei executivo de gravadora, minha irmã teve uma outra filha, e nada de batizado. Finalmente, em 1978, a decisão foi tomada, e as duas famílias – dela e de seu ex-marido – foram a Baependi. Ali eu descobri que a tal Nhá Chica, que não tinha dinheiro nem para seu próprio sustento, havia passado 30 anos construindo uma igreja e ajudando os pobres.
Eu vinha de um período muito turbulento em minha vida, e já não acreditava mais em Deus. Ou melhor, dizendo, já não achava que procurar o mundo espiritual tinha muita importância: o que contava eram as coisas deste mundo, e os resultados que pudesse conseguir. Tinha abandonado meus sonhos loucos da juventude – entre os quais, ser escritor – e não pretendia voltar a ter ilusões. Estava ali naquela igreja para apenas cumprir um dever social; enquanto esperava a hora do batizado, comecei a passear pelos arredores, e terminei entrando na humilde casa de Nhá Chica, ao lado da igreja. Dois cômodos, e um pequeno altar, com algumas imagens de santos, e um vaso com duas rosas vermelhas e uma branca.
Num impulso, diferente de tudo o que eu pensava na época, fiz um pedido: se, algum dia, eu conseguir ser o escritor que queria ser e já não quero mais, voltarei aqui quando tiver 50 anos, e trarei duas rosas vermelhas e uma branca.
Apenas para me lembrar do batizado, comprei um retrato de Nhá Chica. Na volta para o Rio, o desastre: um ônibus pára subitamente na minha frente, eu desvio o carro numa fração de segundo, o meu cunhado também consegue desviar, o carro que vem atrás se choca, há uma explosão, vários mortos. Estacionamos na beira da estrada, sem saber o que fazer. Eu procuro no bolso um cigarro, e vem o retrato de Nhá Chica. Silencioso em sua mensagem de proteção.
Ali começava minha jornada de volta aos sonhos, à busca espiritual, à literatura, e um dia eu me vi de novo no Bom Combate, aquele que você trava com o coração cheio de paz, porque é resultado de um milagre. Nunca me esqueci das três rosas. Finalmente, os cinqüenta anos - que naquela época pareciam tão distantes - terminaram chegando.
E quase passam. Durante a Copa do Mundo, fui a Baependi pagar minha promessa. Alguém me viu chegando em Caxambu (onde pernoitei), e um jornalista veio me entrevistar. Quando eu contei o que estava fazendo ali, ele pediu:
- Fale sobre Nhá Chica. O corpo dela foi exumado esta semana, e o processo de beatificação está no Vaticano. As pessoas precisam dar seu testemunho.
- Não – disse eu. – É uma história muito íntima. Só falaria se recebesse um sinal.
E pensei comigo mesmo: “O que seria um sinal? Só mesmo se alguém falasse em nome dela!”
No dia seguinte, peguei o carro, as flores, e fui a Baependi. Parei um pouco distante da igreja, lembrando o executivo de gravadora que estivera ali tanto tempo antes, e as muitas coisas que tinham me conduzido de volta. Quando ia entrando na casa, uma mulher jovem saiu de uma loja de roupas:
- Vi que seu livro “Maktub” é dedicado a Nhá Chica – disse ela. – Garanto que ela ficou contente.
E não me pediu nada. Mas aquele era o sinal que eu estava esperando. E este é o depoimento público que eu precisava dar.


Então, gostaram? Retomo a questão que envolve meus pequenos milagres. Tenho tido minha vida abençoada por eles, nem saberia quantificá-los, mas no geral hoje quero falar das coisas pequenas, que passam quase imperceptíveis aos olhos dos menos atentos.

Vejo a olho nu, aqui pertinho, dia a dia, mudanças, conquistas, presentes que Deus certamente tem deixado pra mim, em doses homeopáticas, pra meu deleite.

O inimaginável acontece, aconteceu pra mim, acontece pra você também. Aquilo que desejamos, aquilo que nem ousamos desejar por imaginar ser impossível.

Abro meus olhos para estes acontecimentos, agradeço ainda estarrecida. As flores também brotam em terreno árido, em meio a pedras, transformando o visual, iluminando a paisagem.

O pequenos milagres também são assim. Sejam os que ocorrem na sua vida, ou os que abençoam a vida daqueles que te cercam, esses são pílulas energéticas, revigoram, dão força para que saibamos que o caminho é o certo.

Obrigada Senhor pelos seus feitos, milagres de cada dia. Amém.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Segundas-feiras
Sacramentado. Segunda-feira é o pior dia da semana.
Popularmente difundida a sensação de desespero que nos assola nas noites de Domingo nos alertando que a folga está no fim e lá se foi mais um fim de semana curto. Curto, sempre curto, ainda que seja um prolongado, abençoado por um feriado, ainda assim nos parecerá curto diante dos próximos cinco dias úteis que teremos que enfrentar.
Garfield já dizia: “Odeio as Segundas-feiras”.
Eu fiz coro pra este lema por muitos anos. Hoje não mais.


A Segunda–feira carrega uma esperança de que poderemos fazer tudo aquilo que planejamos, diferente da Quinta que nos denuncia que ainda estamos com pendências que ficarão pra semana que vem.
Gosto também da sensação de recomeço.
Retomar projetos, reiniciar planos.

Dá tempo também de adiar aquilo que não queremos fazer sob o pretexto de que ainda dá tempo, de que temos a semana toda pra cuidar disso, que se pudéssemos nem faríamos.

Segundas feiras carregam a promessa da nova dieta, porque colada ao Domingo de fartura à mesa, arrasta um pouco da culpa da gula, com juras de uma nova conduta a partir de então.
Segundas me permitem sonhar a longo prazo, com um fim de semana maravilhoso que está por vir e se hoje não posso ficar na cama, Domingo que vem será meu compromisso do dia!

Segundas acumulam a bagunça e a roupa suja, parece que um furacão de pequeno porte atravessou minha sala, devastou cozinha e área de serviço indo descansar sobre a minha cama, revirada. Esperto este furacão.

Mas nada mais triste do que se fosse diferente, casa impecável na Segunda de manhã não vale. Só se chegarmos de viagem direto pra ir trabalhar. Aí sim, aceitável, porque por certo deixamos a bagunça em algum lugar.

Tenho promessas pra esta Segunda. Não as confessarei aqui porque uma vez escritas viram compromisso formal comigo mesma, e detesto cobranças. Segunda que vem espero ter realizado uma ou duas delas, e de tão realizada que estarei, provavelmente prometerei a mim mesma mais algumas mudanças, ajustes e melhorias para a semana seguinte.
Passos de bebê, como diz aquela comédia na qual o psiquiatra escritor resume seus tratamentos a pequenos passos em busca de conquistas maiores.
Adotei o sistema pra mim. Tem surtido efeito.

Ah, Minhas Segundas intenções nesta Segunda feira, escrevendo sobre as Segundas?
Desejar aos amigos que tenham uma excelente semana!


segunda-feira, 20 de abril de 2009

Que tal um cafezinho?


Há dias em que a energia simplesmente acaba.
Costumo dizer que esgotou a pilha.
A gente corre. Vive uma vida insana atrás de ganhar o amanhã porque o hoje está passando tão rápido que estamos sempre atrasados em relação a tudo que nos propomos fazer.
Resultado: Stress.
Palavrinha em Inglês, de significado amplo sendo que o mais usado remete ao sentido de submeter-se a pressão, aportuguesamos o termo estressar, no sentido de levarmos ao máximo a nossa capacidade de suportar algo.
Antes, diagnosticados como estafados, éramos sugeridos nos afastar do trabalho, tirar aquelas férias merecidas de trinta dias, descansar corpo e mente, desfrutando do prazer do ócio.
Hoje, o tão falado stress acomete a todos, inclusive as crianças, vítimas desta correria, das exigências, horários, cursos, metas e resultados que nos impõem e a tantas outras que nós mesmos nos imputamos.
Fadados a uma nova realidade, uma vida estressada, recorremos a pequenos escapes que nos proporcionem uma pausa física e mental para que possamos em seguida retomar a rotina maluca de cada dia.
Chamo da pausa para um cafezinho. Não aquele cafezinho rápido, em pé, aquele que se toma a cada intervalo de reunião, nas visitas aos clientes, não aquele pretinho que se engole na busca por ingredientes reconhecidamente energéticos, que possam nos ajudar a acordar os neurônios.
Falo de um cafezinho, entre amigos, familiares.
Falo daquela pausa, longe da tela do computador, do tráfego insano dos carros, do telefone... Se bem que não há aviso de proibição do uso de celular nas cafeterias. Deveria existir uma lei a respeito.
Uma placa sinalizando a proibição logo na entrada de todo estabelecimento do gênero.
“É expressamente proibido o uso do celular durante sua pausa para um cafezinho. Isso mesmo maluco(a), desligue esta porcaria, sente-se e relaxe!”

Refiro-me a este cafezinho. Um tempo gasto com conversas leves, com atualizações daquilo que se deseja realizar, com fofoca do bem, pausa pra dizer que a gata deu cria, pausa pra reclamar que a empregada faltou. Pausa pra saborear uma broa de milho, sem lembrar se a crise mundial nos levará a uma terra parecida com o filme Mad Max.
Há quem prefira uma ida ao cabeleireiro, há outros que se acabam na academia, ou ainda os que se juntam pra jogar futebol. Ainda há a consagrada Happy Hour, institucionalizada a ser às Sextas-feiras, em barzinhos, desfrutando de uma cerveja gelada, controlada pela chamada lei-seca.
Ainda prefiro o cafezinho.
Inconscientemente ele me remete a infância, ao hábito familiar de sentarmos á mesa aos finais de tarde, com pãozinho fresco, ou mesmo o amanhecido, molhado no café com leite. Os bolinhos de chuva da vó.
Quando a coisa aperta, apelo pra o cafezinho, seja de manhã pra trocar idéia com a mãe, antes mesmo de ir trabalhar, seja a tarde pra desabafar com a amiga os dissabores que a vida conjugal às vezes nos impõe.
Tomo o cafezinho da cura, respiro fundo enquanto saboreio o aroma de tudo entrando nos eixos.
Uma vez li uma crônica linda sobre isso, sobre esta pausa.
Tentarei encontrá-la para colocar aqui.
Enquanto isso... Que tal um cafezinho?

sexta-feira, 20 de março de 2009

"De que vale o céu azul e o sol sempre a brilhar...
Se você não vem e eu estou a esperar"

Uma das fases mais difíceis que já enfrentei na vida foram os meses que aguardei antes de poder tentar engravidar e os que se seguiram sem que eu conseguisse.
Por esta razão quando conheço mulheres que se denominam "tentantes", digo para que se autodenominem "confiantes". Quem tenta arrisca a sorte. Joga com a chance, assim como nos jogos de azar, baseando-se nas probabilidades.
Engravidar, quando se quer, parece estar tão desfavorável em termos de probabilidade que é desanimador. Aqueles dias férteis do mês, poucos, são perseguidos como um compromisso, desanimando o lado romântico dos casais, nos causando stress antecipado, que resulta em frustração, desgaste emocional e muita tristeza.

Prefiro que sejam “confiantes”, porque quem confia sabe que vai acontecer, se entrega e espera. Quem confia não cobra, aguarda. Quem confia também pode se abater as vezes mas em seguida eleva o pensamento para sua certeza, que TUDO VAI DAR CERTO.

Olhe em volta e alegre-se, busque todas as pequenas coisas que possam te trazer prazer. Apegue-se aos bons pensamentos assim como aos bons amigos.
Faça planos de curto prazo, estabelecendo metas para este mês, esta semana e até mesmo hoje.
Enquanto aguarda por sua gravidez, prepare-se.
Tenha a certeza de que sua saúde vai bem, cuide-se para preparar a primeira moradia deste bebê que virá, que é você.
Cuide também de abrir o devido espaço para este bebezinho, seja com pequenas ações como pintar o quarto que será do bebê, esvaziar espaço para acomodar o enxoval que logo será comprado, reduzir a carga de trabalho. Conecte-se com tudo o que possa lhe trazer momentos alegres. Seu bebê precisa saber que sua mamãe transborda alegria!

Amiga, não pense que os testes negativos e a danada da menstruação não te afetarão nunca mais, não é isso. Não seria hipócrita em dizer que é assim que acontece. Mas a cada uma dessas constatações lembre-se de confiar.
Lembre-se que o seu futuro está sendo preparado e se não foi este mês, será no mês mais acertado e lá na frente você se dará conta disso. Então, aproveite para fazer ainda aquele ajuste que falta, parar de fumar, emagrecer aqueles quilinhos extra, mudar de emprego, quem sabe?Leia, pinte, costure, borde, faça caridade, desdobre-se para encontrar sua motivação para crer que TUDO VAI DAR CERTO.

E vai, acreditem em mim, acima de tudo acreditem em Deus. Peçam, e entreguem-se.
Aguardem porque TUDO VAI DAR CERTO.

Outro dia aconselhei uma amiga/leitora, que escrevesse esta frase em todos os lugares, para que durante sua rotina, a todo momento se lebrasse de que tudo iria dar certo. Sabem o que aconteceu? Algumas semanas depois ela me passou um email, e no assunto se lia:
JÁ DEU CERTO - ESTOU GRÁVIDA!!

Um beijo ESPECIAL a todas vocês "CONFIANTES"!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Um sonho e um livro


Às vezes me pergunto se todos nós temos sonhos diferentes e não os levamos a sério.
O meu sonho aconteceu há quase cinco anos.
Sonhei com um homem totalmente desconhecido, sentado a minha frente, sério, me dava uma instrução:
- Você vai escrever um livro.
- Eu? Escrever um livro?
-
Você vai escrever um livro relatando sua experiência com os abortos espontâneos que sofreu. Será um livro que ajudará a muitas mulheres que passaram por isso e muitas outras que ainda vão sofrer este tipo de perda.
- Nossa, mas nunca escrevi um livro? Por que eu? Como vou escrever um livro?
- Você vai relatar sua vida, um resumo de sua vida desde o namoro, casamento, como desejou ter filhos, a gravidez, como foi a sua perda, o que você pensou, tudo o que você sentiu, a reação das pessoas, tudo.
- Mas nem sei se saberei escrever um livro.
-
Saberá, você vai escrever e seu livro ajudará a muitas mulheres que pensam em desistir, e elas vão se encorajar a tentar de novo.

Acordei. - Nossa que coisa estranha, pensei. Levantei-me e fui amamentar meu filho, então com dois meses de vida. Cerca de quarenta minutos depois voltei pra cama e adormeci no mesmo instante.

Retorno ao sonho.
O homem ainda sentado a minha frente continua nossa conversa, como se nunca tivesse sido interrompida:

- Será um livro de auto-ajuda que tratará do aborto retido, você colocará relatos de outras mulheres, outras perdas, falará da família, dos medos, de tudo o que se lembrar. Seu livro deve relatar tudo o que passou até o nascimento do seu filho. Deverá se chamar: Perdi meu bebê. Por quê?

Acordei e tomei nota de tudo o que ele me disse, separei os tópicos que depois virariam capítulos. Anotei no cabeçalho o nome do livro. Havia criado o índice.

Hoje, após seu lançamento, quando recebo e-mails ou recadinhos na comunidade do Orkut das tantas amigas/leitoras que conquistei ao longo desses meses, tenha o mais absoluta certeza que Deus encontra seus caminhos para que possamos ampliar nossa fé.
Compartilho suas histórias, cúmplice virtual de suas dores, mas acima de tudo, criamos vínculos pela similaridade das vivências, dos medos, das fases, e ao final, tenho a cada dia desfrutado da indescritível felicidade de partilhar de suas boas novas, quando são liberadas pelos médicos a tentar uma nova gravidez, quando me contam que ganharam nova esperança após lerem o livro ou quando finalmente me contam estarem grávidas!


Por isso pergunto: Você presta a devida atenção aos seus sonhos?


Lançamento do Blog

Está no ar a partir de hoje o nosso novo espaço para bate papos, troca de experiências, dúvidas e sugestões sobre diversos temas! Sejam bem-vindos, participem!