quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Pra que serve um feriado?


Ah como é bom, um feriado qualquer, um dia de folga da correria, uma pausa na rotina.
Feriados são destacados na folhinha, estão lá, pintadinhos em vermelho, como pisca-pisca nos alertando do presente que o mês nos reserva.
Tem gente que já conta os feriados do ano, assim que um novo se inicia, já sabe das pontes, das emendas, planeja compensações e viagens, outros, distraídos como eu, são tomados da grata surpresa:
“– Sério? Feriado? Quando?”

Feriados são dias especiais.
Tem gente que lava o carro, outros vão pescar, muitos batem a laje, aproveitam pra fazer o churrasco, tradicionalmente, pagando pela ajuda dos amigos. Tem gente que faz cirurgia plástica, vai para o SPA, enquanto outros dão pausa na dieta pra aproveitar melhor a comilança.

E quando dá pra viajar então!
A ansiedade das crianças, malas, planos, atividades, quando estou muito cansada costumo dizer que o feriado é desgastante em seus preparativos e em seu retorno. A gente tem que pensar em tudo, considerar o clima e todas as hipóteses de mudança, frentes frias, chuva e sol. Leva na mala de protetor solar a cachecol, cobertas e baralho para aquele dia eventual de chuva incessante.
Mas não importa mesmo, quando chegamos ao destino tudo já começa a valer a pena, até mesmo o tempo gasto no trânsito, esta parte, confesso, é a mais traumática.

Mas não quero me esquecer de falar do feriado avulso, aquele que não permite ponte, emenda, nem choro nem vela.
Adoro esses feriados!

Acordar sem precisar sair de casa, sem compromisso de horário, e na TV aquele programa que normalmente a gente não assiste porque sai pra trabalhar.
Como é bom aquele dia de “quebrar galho” na cozinha, dia de macarrão instantâneo com salsicha, sanduíche, dia de bater um bolo, e comer pipoca assistindo a Sessão da Tarde.

Mas o que gosto mesmo de fazer nos feriados avulsos é de arrumar gavetas.
Verdade!!
Sabe aquelas gavetas aonde vamos juntando um milhão de coisas que deixamos ali adiando providências?


Adoro me sentar e rever, encontro tanta coisa inútil que guardei pelo simples fato de não querer perder 3 segundos pra ler e descartar.
Acho graça em encontrar moedas perdidas. Digo que se ficarem duas em uma gaveta ou fundo de bolsa, elas se multiplicam. Aprendi a baboseira com meu avô, e passo adiante para os meus filhos. Pois não é verdade? Sempre que limpo as gavetas lá estão elas, várias moedas, que trato logo de dar destino útil.


Gavetas escondem segredos, comprovantes de despesas que nem mesmo queremos admitir termos feito, aqueles papeizinhos amarelos, recibos do cartão de crédito ameaçando se juntarem e somarem suas dívidas antes mesmo da fatura chegar... ah faturas... Por vezes as gavetas escondem uma ou outra conta que a gente acaba se esquecendo de pagar. Gavetinha danada!

Encontro brincos perdidos, aquele último “Trident” dobradinho na embalagem, o documento original que precisa ser guardado, uma ou outra foto, o papelzinho do sapateiro, uma cartela com dois comprimidos que deixei de tomar.

As horas passam e eu ali, como um paleontólogo, que busca tesouros encrustados, fósseis e novas espécies já extintas, busco entender um pouco mais de mim, a cada escavação de minhas gavetas.
Encontro um santinho que ganhei de uma amiga, a medalhinha que ganhei de outra, amuletos de sorte, pedrinhas que recolhi em algum lugar por onde passei. Ao mesmo tempo que encontro coisas absolutamente incompreensíveis, como uma tampinha de uma pomada, que deve estar aberta em algum lugar do passado.


Revirar gavetas, bolsas e armários é um desafio aos alérgicos.
Uma atitude de autoflagelação que quase sempre acaba com espirros e nariz entupido. Mas na medida em que os sacos de lixo vão se enchendo, esvazio espaços, criando o vácuo, espaço novo pra coisas novas que virão.

Costuma ser assim, alivio-me do peso do acúmulo, liberto-me da culpa pela bagunça, solto no ar milhares de ácaros, e termino o feriado tomando um antialérgico, fungando e tossindo, mas satisfeita pela missão cumprida.

E que venha o próximo! Bom Feriado!

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